Taxa de juros ao consumidor subiu 4,1 pontos em 2013, segundo BC
A taxa média de juros cobrada do consumidor fechou 2013 em 38% ao ano, alta de 4,1 pontos percentuais frente ao registrado no ano anterior, informou o Banco Central nesta semana. O aumento é superior ao promovido pelo governo na taxa básica de juros, a Selic. No período, ela passou de 7,25% para 10% ao ano, alta de 2,75 pontos percentuais. A taxa de 38% refere-se ao crédito concedido a pessoas físicas com os chamados recursos livres, que excluem o crédito habitacional, o crédito rural e o concedido pelo BNDES. A diferença de aumento frente à taxa definida pelo governo ocorre mesmo com o recuo verificado no juro cobrado do consumidor em dezembro. Houve queda de 0,5% para pessoas físicas e de 0,1% nas linhas oferecidas às empresas neste segmento. O novo ciclo de aperto monetário promovido pelo BC – este mês houve novo reajuste na Selic para 10,5% – tem como objetivo controlar a inflação. Com os juros altos, fica mais caro tomar empréstimos e fazer compras parceladas. Ao aumentar a taxa básica, o governo busca desestimular o consumo e, assim, conter os preços. No segmento de recursos direcionados pelo governo, contudo, o reflexo da alta da taxa básica de juros é bem diferente: no ano, ela subiu apenas 0,5 ponto percentual, fechando 2013 em 7,5% ao ano. Em dezembro, ela se manteve estável, com pequena alta de 0,1% apenas nas linhas para as empresas. RITMO MENOR – crédito total seguiu em expansão em 2013, mas em ritmo menor. O saldo de empréstimos chegou a R$ 2,715 trilhões, alta de 14,6% em doze meses. Em 2012, o crescimento havia sido de 16,4%. Em dezembro, o aumento ficou em 2,4% frente ao mês anterior. A expansão foi puxada pelos financiamentos com recursos direcionados, que possuem taxas mais vantajosas, cujo saldo cresceu 24,5% em 2012, frente alta de apenas 7,8% no crédito com recursos livres. A diferença se manteve em dezembro, apesar de menor. Houve aumento de 3,3% no crédito com recursos direcionados frente ao mês anterior, enquanto a alta no crédito livre foi de 1,7%. Com a manutenção do aumento do crédito, a relação entre o crédito e o PIB (Produto Interno Bruto) chegou a 56,5%, ante 55,5% em novembro e 53,9% em dezembro do ano passado. CALOTE – Apesar da alta no custo dos empréstimos, a inadimplência segue sob controle. A taxa média de calote apresentou leve queda, chegando a 3%. No segmento de recursos livres, ela se manteve estável, com pequena alta de 0,1 p.p para pessoas físicas e queda de 0,2 ponto percentual para pessoas jurídicas. No crédito direcionado, houve queda de 0,1 ponto percentual na taxa média total. O spread total -diferença entre o custo de captação e o valor cobrado do tomador de empréstimo e que constitui a maior parte do lucro bancário- recuou 0,4 ponto percentual, para 11,1 pontos percentuais ESTIMATIVAS – O Banco Central projeta expansão de 13% no crédito este ano, conforme anunciado em dezembro do ano passado. Se confirmado, será o quarto ano consecutivo de desaceleração no crescimento do saldo de empréstimos e financiamentos. Desde 2010, quando houve aumento de 20,6%, a taxa vem caindo ano a ano. Para o BC, a relação entre o crédito total e o PIB deve ficar em 58% em 2014 frente aos 56,5% registrados este ano. Em 2010, esse indicador estava em 45,4%.