Procon autua cartolas do Flamengo por desobediência

A uma semana do início da final da Copa do Brasil, o Flamengo começou a disputa com um dirigente na delegacia e barris de chope perdidos. Mas, por ora, com o preço de ingresso mantido para o jogo de volta contra o Atlético-PR, dia 27, no Maracanã.
A polêmica começou anteontem, quando o Procon apontou abuso no preço do ingresso para a final. Ele varia de R$ 250 a R$ 800, quase o triplo do cobrado na semifinal contra o Goiás.
Os dirigentes do clube ignoraram a convocação do Procon para explicar o aumento do preço de ingressos para o jogo, tido como abusivo pelo órgão. Com a recusa, fiscais foram à sede do clube buscar documentos sobre faturamento, base para cálculo da multa a ser aplicada.
Funcionários se recusaram a entregar papéis e o diretor jurídico, Bernardo Acciolly, foi levado para a Delegacia do Consumidor e autuado por crime de desobediência. A Polícia Militar foi chamada para evitar confrontos entre fiscais e a segurança do clube.
O presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, também autuado por crime de desobediência pelo Procon, classificou a medida como "arbitrária" e comparou o caso à ditadura militar.
"O Flamengo respondeu a tudo o que foi indagado. Não compareceu à audiência mas mandou um ofício respondendo a tudo. Fomos vítimas de uma arbitrariedade só comparável com as que ocorriam na época da ditadura".
O Flamengo afirma que tem o direito de cobrar o valor por ser um evento privado, e que cerca de 80% dos torcedores têm descontos. A direção diz ainda que a renda ajudará o clube a equilibrar suas contas. A previsão é arrecadar até R$ 9 milhões.
O Procon propôs ação civil pública para limitar o aumento do preço a 30% do cobrado na semifinal. Pediu também o bloqueio da renda para ressarcir torcedores.
A venda para todos os planos de sócio-torcedor começou ontem. Segundo o gerente de marketing, Fred Luz, cerca de 10 mil ingressos já foram vendidos – 54 mil estão disponíveis para a torcida do rubro-negro carioca.
Sem acesso aos documentos, fiscais do Procon não saíram de mãos vazias do clube. Checaram estabelecimentos da sede do clubes, como bar, restaurante, academia e loja de material esportivo.
A operação Urubu, como foi chamada pelo órgão, apreendeu três litros de chope, 800g de frango desfiado, 360g de mostarda e dois sanduíches naturais, todos com prazo de validade vencido.