Bandidos se aproveitaram do ato, diz pai de jovem morto por PM

Os protestos que interditaram vias e deixaram ao menos seis ônibus e três caminhões destruídos anteontem, na zona norte de São Paulo, foi dominado por bandidos que se aproveitaram da morte de Douglas Rodrigues, 17, atingido por um tiro de um policial militar. A afirmação foi feita pelo pai do adolescente, o caminhoneiro José Rodrigues, 44.
Rodrigues disse que chegou a acompanhar a manifestação próximo à casa dele, mas que os saques a lojas e incêndios foram atos de criminosos infiltrados. "Que culpa tinha o caminhoneiro que passava pela Fernão Dias na hora da manifestação? Tenho certeza de que aquelas pessoas que estavam fazendo vandalismo não eram amigos do Douglas, pois sou contra esse tipo de violência", disse.
A morte do adolescente gerou uma onda de violência, que culminou numa série de manifestações na região da Vila Medeiros com veículos incendiados e saques, ainda na noite de anteontem.
Pela manhã de ontem, a Polícia Militar apreendeu dois adolescentes e prendeu um homem sob suspeita de estar com objetos furtados durante o protesto de anteontem. Os detidos foram encontrados dentro de uma casa no Jardim Brasil, no mesmo bairro onde a família do jovem morto mora. A polícia chegou ao local após uma denúncia anônima.
A polícia, porém, não soube afirmar se as pessoas detidas participaram do furto no momento do protesto ou receberam o material da mão de terceiros.
A manifestação na região da Rodovia Fernão Dias terminou com 35 pessoas detidas pela PM. A maioria, segundo a polícia, já tinha passagem por roubo, furto e tráfico de drogas. Todos foram liberados.
A mãe do rapaz, Rossana de Souza, afirmou para a Rede Globo que o filho não entendeu o motivo de ter sido atingido. Ela diz que o adolescente chegou a questionar o PM: "por que o senhor atirou em mim?"
O PM que matou Douglas foi preso e encaminhado para o presídio militar Romão Gomes, também na zona norte. Segundo a PM, ele vai responder por homicídio culposo (sem intenção de matar).