Brasil cobra explicações do Canadá após denúncia de espionagem

BRASÍLIA – O Itamaraty convocou ontem o embaixador do Canadá no Brasil, Jamal Khokhar, para dar explicações sobre o caso de espionagem daquele país que teve como alvo o Ministério de Minas e Energia.
No encontro, informou o Ministério de Relações Exteriores em nota, o ministro Luiz Alberto Figueiredo transmitiu "a indignação do governo brasileiro" com o episódio. "O chanceler brasileiro manifestou ao embaixador canadense o repúdio do governo a essa grave e inaceitável violação da soberania nacional e dos direitos de pessoas e de empresas".
Reportagem do programa "Fantástico" de anteontem mostrou que a Agência Canadense de Segurança em Comunicação (CSEC, na sigla em inglês) teria espionado telefonemas e e-mails do Ministério de Minas e Energia.
O programa citou a apresentação de uma ferramenta da CSEC em encontro de analistas de espionagem de cinco países (EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia) em junho de 2012. O caso do ministério brasileiro foi usado como exemplo da aplicação da ferramenta.
O documento foi obtido pelo ex-técnico da americana NSA (Agência de Segurança Nacional) Edward Snowden, que revelou um amplo esquema de espionagem dos EUA neste ano.
Recentemente, Dilma Rousseff cancelou uma viagem de Estado que faria aos EUA depois da revelação de que a NSA espionava alvos do governo e ela própria.
Em nota, a embaixada do Canadá no Brasil informou que o assunto está sendo discutido "entre governos" e que a relação dos dois países é crescente. A embaixada informou ainda que, em agosto, os chanceleres dos dois países se encontraram no Rio de Janeiro "para discutir o diálogo de parceria estratégica Brasil-Canadá".
SEGURANÇA REFORÇADA – Pela manhã, Dilma disse, no Twitter, que as novas suspeitas de espionagem confirmam "razões econômicas e estratégicas" dessas práticas. "A reportagem aponta para interesses canadenses na área de mineração. A espionagem atenta contra a soberania das nações e a privacidade de pessoas e empresas".
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, considerou "lastimável" o episódio.
Em nota, ele disse que irá determinar "rigorosa avaliação e reforço" dos sistemas de proteção de dados do ministério, assim como a análise do que possa ter sido objeto de espionagem.