Queda nas vendas no primeiro semestre deixa indústria paranaense em alerta
A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), responsável pelo levantamento divulgado segunda-feira, afirma que o resultado dos primeiros seis meses do ano é um sinal de alerta para o segmento.
Caso a tendência de desaceleração das atividades não seja revertida a partir dos dados de julho, a expectativa de crescimento para a indústria do Estado em 2013 – anteriormente estimada entre 2,5% e 3% – devem ser revistas para baixo.
Por isso, o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, reitera o apelo pela adoção de medidas efetivas que recuperem a competitividade da indústria brasileira.
O desempenho negativo do primeiro semestre deste ano foi afetado diretamente pela queda de -6,6% nas vendas em junho. Dos 18 setores pesquisados pela Fiep, 11 tiveram redução no volume de negócios no mês.
As maiores retrações foram nos segmentos de “Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos” (-25,89%), devido à redução de exportações; “Produtos de Metal” (-16,21%), pelo retorno ao nível normal de vendas após aumento nos meses anteriores; e “Vestuário” (-15,89%), por conta do fim das vendas da moda outono-inverno.
O recuo no mês atingiu também os três gêneros de maior participação relativa na indústria paranaense: “Alimentos e Bebidas” (-9,54%), pela sazonalidade da safra paranaense; “Veículos Automotores” (-6,49%), por ajustes em linha de produção de grande empresa do setor; e “Refino de Petróleo e Produção de Álcool” (-6,83%), em virtude de fatores climáticos na produção de álcool.
A redução nas vendas em junho interrompeu um ciclo de três meses consecutivos de crescimento – a indústria paranaense havia registrado aumento em suas vendas de 17,94% em março, 10,21% em abril e 1,93% em maio.
Para o coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt, as oscilações no primeiro semestre são reflexo de um cenário de incertezas que atinge a economia brasileira. “Os números evidenciam a nebulosidade que se dissemina sobre a economia nacional”, diz.
O economista chama a atenção para outro fato alarmante observado na pesquisa da Fiep. Em junho, o nível de emprego na indústria paranaense caiu -2,28%, com redução em 12 dos 18 gêneros analisados.
“Esse é também um alerta, já que tradicionalmente junho é um mês de aumento de emprego, dada a característica histórica de maior dinamismo da indústria no segundo semestre”, explica. Além disso, as compras de insumos pelas empresas também apresentaram redução de -7,63% no mês.
“Portanto, não há sinais claros para as decisões empresariais relativas à programação de produção e à realização de novos investimentos. Em outras palavras: as empresas não estão vislumbrando forte crescimento no futuro próximo”, afirma Schmitt.
País precisa resolver uma série de problemas estruturais, diz Campagnolo
Para o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, a oscilação pela qual passa a indústria paranaense segue uma tendência nacional e é mais um sinal de que o país precisa adotar medidas efetivas que possibilitem a retomada da competitividade do setor produtivo brasileiro.
“Há tempos alertamos que o país precisa resolver uma série de problemas estruturais que prejudicam a indústria nacional, como a alta e complexa carga tributária e as deficiências de infraestrutura, entre tantos outros”, diz o presidente da Fiep.
Segundo ele, o governo vem adotando uma série de medidas pontuais nos últimos anos, que ajudaram a amenizar alguns dos problemas, mas que não são suficientes para garantir um crescimento sustentado do setor industrial em longo prazo. “Precisamos de políticas efetivas para que a indústria recupere sua competitividade já que, tanto no mercado interno quanto no externo, concorremos com produtos saídos de países que possuem condições mais favoráveis para a produção”, declara Campagnolo.
Diante do cenário de incertezas, o Departamento Econômico da Fiep cogita até revisar as expectativas de crescimento da indústria paranaense em 2013. Atualmente, a entidade ainda estima expansão entre 2,5% e 3% em comparação com o ano passado. “Mas em persistindo e aumentando a incerteza sobre o ritmo dos negócios no próximo mês, haverá a necessidade de reconfigurar a previsão de vendas para 2013”, afirma Maurílio Schmitt.