Igreja bloqueia contas de prelado acusado de lavagem de dinheiro
Ex-responsável pela Administração do Patrimônio da Sede Apostólica, que faz a gestão do capital imobiliário do Vaticano, Scarano foi preso em 28 de junho por tentar entrar na Itália com o dinheiro. Além dele, foram presos o ex-agente de inteligência italiano Giovani Maria Zito e o intermediário Giovanni Carenzio.
Segundo os investigadores, o prelado pagou 400 mil euros (R$ 1,12 milhão) a Zito para trazer o dinheiro da Suíça em um avião privado, de responsabilidade de Carenzio. Antes da prisão, Scarano havia sido retirado de todos os seus cargos.
O bloqueio das duas contas do prelado foi ordenado pelo promotor da Santa Sé, Nicola Piccardi, em meio às investigações das transações feitas pelo religioso, consideradas suspeitas pela Autoridade de Informação Financeira do Vaticano.
A Igreja Católica não descarta que as contas de outras pessoas envolvidas no esquema sejam congeladas. Nunzio Scarano também é acusado pela Promotoria de Salerno por lavagem de dinheiro por tentar descontar cheques de origem suspeita, classificados como doações, no valor de 580 mil euros (R$ 1,52 milhão).
As detenções aconteceram depois que o papa Francisco nomeou uma comissão, formada por cinco membros, para se dedicar nos próximos meses a investigar tudo o que acontece no banco do Vaticano, envolvido em vários escândalos financeiros, para uma possível reforma.
Papa endurece leis contra pedofilia e atos de corrupção
O papa Francisco assinou decreto que reformula as leis penais do Estado do Vaticano para tornar crimes o vazamento de informações da igreja e ofensas sexuais e financeiras.
Crimes como prostituição e posse de pornografia infantil passam a ser passíveis de penas de até 12 anos de prisão e multas de até 150 mil euros (R$ 437 mil). Antes, enquadravam-se em "atentados aos bons costumes".
O texto introduz ainda o delito de tortura e incorpora as quatro convenções de Genebra contra crimes de guerra, além de outros tratados internacionais.
A nova legislação anula a pena de prisão perpétua, substituída por reclusão máxima de 30 ou 35 anos. Também prevê a possibilidade de que tribunais do Vaticano julguem "crimes contra a segurança, os interesses e o patrimônio da Santa Sé".
As normas entrarão em vigor em 1º de setembro e não dizem respeito às regras canônicas da igreja. Elas são publicadas em um momento crítico para o Vaticano, que se submeterá pela primeira vez a uma avaliação da ONU sobre pedofilia.
Já a proibição a vazamentos é resposta à recente distribuição de documentos papais. Em 2012, Paolo Gabriele, ex-mordomo de Bento 16, foi condenado a 18 meses de reclusão por fornecer dados a um jornalista italiano.
As novidades atualizam o espectro do Vaticano, baseado em parte em leis italianas do século 19, e respondem à demanda do próprio papa por transparência. Elas vêm na esteira de uma série de escândalos envolvendo padres e membros da Santa Sé nos últimos meses, em especial de irregularidades financeiras.