Manifestações contra as tarifas se espalham em 11 capitais

SÃO PAULO (Folhapress) – Milhares de pessoas saíram às ruas ontem em ao menos 11 capitais do país para protestar contra os reajustes da tarifa de ônibus, a repressão policial nas manifestações recentes em São Paulo e para pedir ética na política, investimentos em saúde, educação e transporte, entre outras reivindicações.
Também foram ouvidas palavras de ordem contra a presidente Dilma Rousseff, o deputado Marco Feliciano, governos estaduais e municipais e até contra a PEC 37, que tira o poder de investigação do Ministério Público.
Além de São Paulo, Rio e Brasília, há protestos nas seguintes capitais: Belo Horizonte, Fortaleza, Vitória, Maceió, Belém, Salvador, Curitiba, Porto Alegre. Há manifestações também em Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Indaiatuba (SP) e Juiz de Fora (MG).
Em Belo Horizonte, a marcha rumo ao Mineirão, onde Nigéria e Taiti se enfrentaram pela Copa das Confederações, ganhou corpo durante a tarde. Às 14h, havia 2.500 manifestantes; no início da noite, já eram 15 mil, segundo a PM.
Por volta de 17h15, houve confronto quando um grupo furou o bloqueio montado nas proximidades da Universidade Federal de Minas Gerais. A PM reagiu com gás lacrimogêneo e balas de borracha, enquanto os manifestantes jogavam pedras. Ao menos uma pessoa foi detida.
Lucas de Souza, 20, estudante de engenharia da UFMG, disse que "sempre" teve insatisfação com o transporte público de Belo Horizonte. "As manifestações no Rio e em São Paulo mostraram que unidos poderemos conseguir mudanças", disse.
Em Salvador, onde o último reajuste de tarifas ocorreu há um ano, cerca de 5 mil pessoas tomaram as ruas.
"Estamos contra tudo que esta aí. Pelo direito de manifestação sem truculência policial. Contra essa Copa, que só beneficia poucos. Por mais ética na política", disse a estudante Larissa Soares, 16.
Em Curitiba, a PM estima em 5 mil os participantes do protesto, que pedem passe livre para os estudantes e a criação de uma empresa pública para gerir o transporte na cidade.
Em Maceió, o foco é a redução da tarifa de ônibus, reajustada recentemente de R$ 2,30 para R$ 2,85 e mantida no menor valor por força de uma decisão judicial.
Em Fortaleza, a maioria das faixas e cartazes traz mensagens de solidariedade aos feridos nos protestos de São Paulo e Rio.
Em Vitória, as palavras de ordem são contra a corrupção e a favor da tarifa zero.
Em Londrina (PR), onde houve recente redução da tarifa do transporte coletivo, os manifestantes pedem melhorias na educação e na saúde. Em um dos cartazes empunhados por manifestantes se lê "Desculpe o transtorno, estamos mudando o país".
São Paulo – Na capital paulista, a Polícia Militar aponta cerca de 30 mil pessoas no protesto que se concentrou no largo da Batata, na região de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. O Datafolha, no entanto, aponta que o número é de aproximadamente 65 mil pessoas.
Após a concentração no largo da Batata, o movimento decidiram dividiu dividir a passeata em dois grupos. Uma parte foi pela av. Rebouças sentido marginal Pinheiros, e outra pela av. Faria Lima. Inicialmente, um grupo liderado pelo partido PSTU disse que seguiria em direção à avenida Paulista, mas desistiu do trajeto.
As últimas manifestações do grupo foram marcadas por confrontos com a Polícia Militar. O último caso ocorreu na quinta-feira (13), quando houve confusão na rua da Consolação, na região central. Segundo organizadores, ao menos cem pessoas ficaram feridas e mais de 200 foram detidas. Dentre jornalistas, houve 15 feridos, sendo sete da Folha de S.Paulo.
Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a Polícia Militar não usará balas de borracha contra os manifestantes. "Nós acreditamos em uma manifestação pacífica e organizada, em que a polícia vai apenas ordenar para que ela aconteça", disse anteontem o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira.

Comunicado de Dilma defende protestos
Em seus primeiros comentários sobre as manifestações pela redução nas tarifas de ônibus e pela melhoria do transporte público, que vêm tomando as ruas de diversas capitais do país desde a semana passada, a presidente Dilma Rousseff disse que as "manifestações pacíficas são legítimas".
"As manifestações pacíficas são legítimas e são próprias da democracia. É próprio dos jovens se manifestarem", limitou-se a afirmar a presidente, em comunicado divulgado pela ministra da Secretaria da Comunicação Social, Helena Chagas, no início da noite de ontem.
Ela não fez comentários sobre excessos, tanto por parte de manifestantes como por parte das forças policiais.