Greening nos pomares de laranja do Norte e Noroeste preocupa citricultores
Segundo o engenheiro agrônomo, José Croce Filho, coordenador de Sanidade da Citricultura da Adapar, 1,5% das plantas dos pomares de laranja no Estado estão infectadas com a bactéria que transmite a doença, sendo que algumas regiões essa contaminação chega a 2,2%.
A doença já foi registrada em 89 dos 155 municípios produtores de citros, e mais, esse número vem aumentando gradativamente.
O que mais preocupa, afirmou Croce, é que 30% dos citricultores não têm feito o controle conforme determina a legislação, não fazendo a vistoria, nem a erradicação da planta doente. “Esses produtores estão sendo notificados e autuados e a multa pode chegar a R$ 5 mil por infração”, disse.
O Huanglongbing (HLB) ou greening já mostrou que é uma doença destrutiva, de rápida disseminação, sem perspectiva de convivência pacífica, e que coloca o negócio da citricultura em risco se a redução do inoculo de doença não for imediato, com monitoramento constante, erradicação das plantas contaminadas e manejo de forma cooperativa, onde o vizinho é o principal aliado.
NÃO FUNCIONAM – Adotar os “coquetéis” de nutrientes, que virou moda entre produtores do Paraná e de São Paulo, ou apenas podar as plantas doentes não vai resolver o problema, alertou o engenheiro agrônomo e gerente de Produção Agrícola da Cocamar, Leandro Cezar Teixeira.
“A pesquisa mostra que quando aparece o sintoma na primeira folha, 100% das raízes já estão contaminadas e 40% delas já foram perdidas. Podar laranja só esconde os sintomas. É difícil para o produtor eliminar a planta imediatamente, mas se não fizer, vai inviabilizar a produção”, afirmou.
Leandro ressaltou que foi justamente esse o programa adotado pelos citricultores no estado da Flórida (EUA), além do controle químico do psilídeo, inseto transmissor da bactéria que causa a doença. E lá, a doença já fugiu ao controle. A produção caiu 43% desde 2004, quando a doença foi identificada, passando de 242 milhões de caixas para 138 milhões em 2013.
Também, neste ano, a queda de frutos tem assustado. Normalmente esta é de 5% a 9%, devido a geadas ou furacões. Este ano não houve nenhum desses fenômenos e a queda de frutos estava em 18% em média, grande parte em função do greening. Há propriedades com 30% de queda e talhões que chegam a 90% de perdas. “Todos dizem que se fosse possível voltar atrás, a opção seria a erradicação das plantas doentes”, afirmou o gerente.
Manejo tem bons resultados
O gerente de Produção Agrícola da Cocamar, Leandro Cezar Teixeira, comentou que o programa de controle adotado pela Cocamar, com base nas pesquisas e determinações da defesa sanitária do Estado, é o que tem apresentado os melhores resultados. Tanto que os pomares vêm mantendo a produtividade média de 950 caixas por hectare e este ano deve superar as mil caixas. A de São Paulo, o maior produtor mundial de laranja, é de 630 caixas, 34% a menos.
Franklin Behlau, da Fundecitrus, disse que o greening provocou um estrago grande no Estado e continua crescendo. “São Paulo vem reduzindo sua área de laranja. Já foram eliminadas 22 milhões de plantas em oito anos, das 214,2 milhões existentes, sendo mais de 17 milhões nos últimos quatro anos”, citou. O percentual de plantas contaminadas com greening já supera os 6,91% e a doença está presente, em pelo menos uma planta, em 64,1% dos talhões, dados de 2011.