Azevêdo promete empenho para tentar recuperar organização

GENEBRA, SUÍÇA – O novo diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, prometeu, em entrevista, ontem, que se empenhará para recuperar a relevância da entidade, que deveria regular o livre comércio no mundo. Para o ex-embaixador brasileiro, a organização está paralisada e corre risco de perder importância como mecanismo para facilitar as relações multilaterais.  "Ou as bases mudam, ou o mundo vai avançar e a OMC vai ficar para trás. É isso que nós temos que evitar", afirmou. "Na minha visão, estamos correndo risco de perder um mecanismo muito valioso".  Segundo Azevêdo, a OMC não consegue avançar devido ao fracasso na Rodada Doha, de liberalização do comércio global. Ele colocou a retomada das reuniões de negociação como "prioridade número um".  "Resolvendo a rodada Doha, vamos destravar a organização e tirá-la da paralisia em que ela se encontra nos últimos cinco anos. Temos que achar uma solução o mais rápido possível". O brasileiro prometeu empenho para combater o protecionismo e disse que o trabalho deve começar antes de sua posse, em 1º de setembro, para evitar o fracasso da conferência de Bali, em dezembro.  "Não sei o estágio em que estaremos até lá. Muita coisa vai acontecer. Espero encontrar o paciente com o coração batendo e respirando". Mais cedo, os embaixadores dos Estados Unidos e da União Europeia prometeram apoiar a gestão do brasileiro. Os países desenvolvidos votaram no candidato mexicano, Herminio Blanco. Azevêdo foi eleito com apoio da China e das nações emergentes.  "É um dia muito bom para a OMC como instituição. Nos estamos muito felizes em fazer parte do consenso por Azevêdo", disse o embaixador americano Michael Punke.  "Achamos que ele será um diretor-geral muito bom, e vamos trabalhar junto com ele. Nós apoiamos o consenso", acrescentou.  A embaixadora do Reino Unido, Karen Pierce, disse esperar que a articulação do seu país para que a UE votasse em Blanco não atrapalhe as relações britânicas com o Brasil.  Ela afirmou que a irritação do governo brasileiro com Londres deve ser um "mal-entendido". "Temos uma relação muito forte com o Brasil. Seria uma pena. Se isso for verdade, é um mal-entendido", disse.