Economia dos EUA avança 2,5%, mas frustra o mercado

NOVA YORK – A economia americana se expandiu no primeiro trimestre deste ano, mas sem a vitalidade esperada, alimentando preocupações de que o que vem pela frente pode ser um ano de crescimento moroso.
O PIB (Produto Interno Bruto) subiu 2,5% no trimestre encerrado em março, conforme divulgou ontem o Departamento do Comércio.
Apesar de ter representado uma aceleração ante a alta de 0,4% do período anterior, ficou bem abaixo de um patamar superior a 3% que o mercado aguardava.
Este foi o 15′ trimestre consecutivo de resultados positivos, mas a sequência aponta uma taxa média ainda frouxa, em torno de 2%.
Grande responsável pelo avanço no primeiro trimestre, o gasto do consumidor – que subiu 3,2%, em sua maior alta desde o fim de 2010- tem como contraponto um clima crescente de desconfiança empresarial diante dos cortes de gastos de Washington.
O ceticismo das empresas está estampado no investimento fixo não residencial, que cresceu apenas 2,1% no primeiro trimestre deste ano, ante 13,2% no período imediatamente anterior.
A perda de velocidade nesse investimento – que compreende a construção de fábricas, a aquisição de máquinas, equipamentos e sistemas – sinaliza que o crescimento registrado pelo país pode fazer parte de uma categoria que não recupera o emprego, fantasma americano desde os piores momentos da crise em 2009.
Outra chave para o aquecimento, os gastos do governo seguem em trajetória de queda. O segmento de defesa caiu 11,5%, depois que uma redução também acentuada de 22,1% no último trimestre do ano passado.
O mercado de habitação ainda é uma fresta de luz, com o investimento fixo residencial, que inclui construções e reformas de moradias, crescendo a 12,6% no intervalo. O número vinha em alta de 17,6% no período anterior, segundo dados do Departamento do Comércio.
O crescimento desbotado do primeiro trimestre deve acalmar a acalorada discussão em torno das expectativas de uma retirada do estímulo promovido pelo Fed (banco central americano) com a compra mensal de US$ 85 bilhões em títulos, segundo José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
"Isso confirma as expectativas com relação ao QE3 [terceira rodada de afrouxamento monetário], de manutenção da atual política monetária por algum tempo", declarou Gonçalves.
Os números divulgados ontem podem ser revistos.