Suspeito é indiciado por uso de arma de destruição em massa

WASHINGTON, EUA (Folhapress) – Dzhokhar Tsarnaev, 19, suspeito pelo atentado na maratona de Boston, foi indiciado ontem, pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos pelo uso de armas de destruição em massa contra civis.
Se condenado pela Justiça federal americana, pode receber prisão perpétua ou até a pena de morte.
Tsarnaev, capturado na última sexta-feira após uma gigantesca operação policial de 22 horas, será julgado por um tribunal civil pelo atentado que matou três e feriu 176 pessoas, contrariando o pedido de três senadores republicanos que pediam que ele fosse indiciado como "inimigo combatente".
Nesse caso, ele seria julgado por um tribunal militar e poderia ser interrogado sem a presença de um advogado, mecanismo utilizado com vários acusados de terrorismo após o 11 de setembro de 2001, mas deixado de lado desde o início do governo Obama, em 2009.
Para os senadores republicanos, tais interrogatórios serviriam para se descobrir se o acusado foi treinado ou trabalhava com organizações terroristas internacionais.
A Casa Branca argumentou que o "sistema jurídico civil dos Estados Unidos já lidou com diversos terroristas" e que Tsarnaev é cidadão americano – ainda que outro americano, Anwar Al-Awlaki, tenha sido morto por um drone no Iêmen e o governo tenha argumentado que ele estava "participando em guerra com a Al Qaeda".
O jovem indiciado, de origem tchetchena, adquiriu a nacionalidade americana em 11 de setembro de 2012. O indiciamento foi feito no quarto do hospital Beth Israel, de Boston, onde está internado em estado grave, com uma bala no pescoço e ferimentos na cabeça, pernas e mão.
Ele tem respondido às perguntas das autoridades americanas por escrito.
O governo já designou um defensor público federal para representar Tsarnaev.
No Senado, a Comissão de Inteligência pediu que o FBI (Escritório Federal de Investigação, da sigla em inglês) dê explicações sobre o que está sendo considerada uma grande falha em seus procedimentos.
O irmão mais velho de Dzhokhar, Tamerlan Tsarnaev, 26, que foi morto na quinta-feira à noite, durante a caçada policial aos dois suspeitos pelo atentado, tinha sido ouvido pelo FBI em 2011, após pedido do serviço de inteligência russo.
Interrogado, Tsarnaev foi liberado pelo FBI, que não achou qualquer suspeita sobre o comportamento do rapaz. No ano seguinte, ele passaria um semestre na Rússia. Ao que parece, o FBI deixou de monitorá-lo.
A senadora democrata Dianne Feinstein, da Califórnia, disse que o FBI provavelmente falhou e queria explicações sobre como "esqueceu dele". A audiência pode acontecer ainda hoje.
Ontem, uma semana após o atentado, 50 feridos permaneciam internados em hospitais de Boston, vários com pernas ou pés amputados.