Cresce no mercado financeiro aposta por aperto monetário

SÃO PAULO – Na véspera da decisão do governo sobre o juro básico do país – a taxa Selic -, cresce no mercado financeiro a aposta em aperto monetário.
Às 16h21, o contrato de juros mais negociado, com vencimento em julho de 2013, subia 0,33%, projetando taxa de 7,63% ao ano.
A Selic está em 7,25% ao ano, o menor nível da história. Os economistas que acreditam em aumento da taxa hoje – de 0,25 ponto percentual ou 0,50 ponto percentual – destacam como principal motivo a pressão inflacionária.
O fraco desempenho da economia brasileira, porém, é o argumento dos que defendem a manutenção da Selic pela quarta reunião seguida do Copom (Comitê de Política Monetária).
Um aumento do juro básico, seja para 7,50% ao ano ou para 7,75% ao ano (principais apostas), terá um efeito pequeno sobre as operações de crédito, segundo dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
TAXAS PREFIXADAS – Em geral, os financiamentos têm taxas prefixadas. Ou seja, que não se alteram depois de contratadas, independentemente do rumo do juro básico da economia. Mas Erasmo Vieira, consultor da Planilhar Planejamento Financeiro, alerta para os casos de empréstimos com taxa de juros pós-fixada (que se altera ao longo do tempo), cheque especial e rotativo do cartão de crédito.
"Um aumento da Selic agora teria impacto principalmente em empréstimos desse tipo", diz o especialista. "Os consumidores devem controlar melhor suas finanças para evitar esses dois recursos [cheque especial e rotativo do cartão]".
"Se o consumidor tiver possibilidade de renegociar a troca da dívida pós-fixada por uma com taxa de juros prefixada, faça isso o quanto antes, pois o cenário indica alta da Selic daqui para frente".
Para William Eid, professor de finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), é mais vantajoso pagar à vista, negociando descontos sempre que possível.
"Quando se pretende comprar um bem de consumo durável, como uma geladeira, o melhor é se programar, abrir uma poupança e guardar dinheiro até conseguir comprar o produto", afirma. Caso o consumidor já tenha dívidas que possam sair de controle, os especialistas recomendam o crédito pessoal.
"Trocando de dívida, é possível pegar um crédito mais barato", diz Eid. Ele ressalta que, mesmo nessa modalidade, convém pesquisar nos bancos para encontrar a menor taxa.
Para o cheque especial e rotativo do cartão de crédito, a recomendação é evitar. "São produtos para um período muito curto, no máximo alguns dias", afirma Oliveira. (Por Carolina Matos, Anderson Figo e Felipe Peroni, da Folhapress)

Centrais sindicais prometem protestos contra possível alta da Selic
Para pressionar o governo e protestar contra uma possível alta nos juros, quatro centrais sindicais farão manifestações em frente às sedes do Banco Central em São Paulo e no Rio de Janeiro hoje.
O Banco Central decidirá hoje, em reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), se mantém a taxa Selic em 7,25% ao ano ou se deve alterar a taxa básica de juros. Analistas e economistas dizem que uma elevação é esperada por causa da alta de preços.
Força Sindical, CTB, UGT e Nova Central marcaram o protesto em frente ao BC no mesmo dia em que o Copom (Comitê de Política Monetária) decidirá sobre a nova taxa de juros Selic. O principal protesto das centrais está previsto para ocorrer hoje, às 10 horas, em frente o Banco Central em São Paulo, na Avenida Paulista (região central de SP).
"Vamos cobrar o governo para livrar o Brasil de uma especulação financeira desenfreada, que, infelizmente, vem drenando enormes quantidades de recursos", disse Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical.
De acordo com o presidente da UGT, Ricardo Patah, o governo "está entre a cruz e a espada".
"Deve haver alta de 0,25 [ponto percentual] na reunião de amanhã (hoje). Ou o país convive com a inflação ou terá de haver aumento de juros. A inflação acaba com a cidadania das pessoas, só de pensar o que já vivemos no passado é pavoroso", disse.
Na avaliação da CTB, o governo deve enfrentar a pressão "da mídia e do mercado financeiro" para que a alta dos juros seja retomada.
"Essa possibilidade é inadmissível e deixaremos isso claro nas ruas", disse Wagner Gomes, presidente da entidade.
Para as centrais, a política de corte da taxa de juros Selic e outras medidas adotadas pelo governo – como a desoneração da folha de pagamentos – estimulam os investimentos públicos e privados em vários setores e impulsionam o crescimento do país.