40 anos de Magistério e na ativa

O 1º de abril é um dos dias mais importantes da minha vida  na  área profissional,  porque  é neste dia  que eu comemoro  meus aniversários de Magistério. Sou a professora Maria Eunice de Souza Maciel. Comecei o meu trabalho a convite da primeira dama do município de Paraíso do Norte, senhora  Severiana Cunha Canabrava,  a qual carinhosamente  a chamávamos   de” Dona Nenza”, esposa do então  prefeito  Délio de Souza Canabrava. Era 1º de abril 1973. O convite foi para eu dar aula na Escola Isolada Estadual’’Leôncio Oliveira Cunha “, na fazenda  Okamoto. Eu  estava cursando  o 1º ano do curso do Magistério, foi um desafio  muito grande, quando me vi na sala  de aula em meio alunos de 1ª e 4ª  séries  em uma só sala, inclusive alunos especiais, era multiseriada – as aulas, a merenda e a limpeza da escola era atribuída  ao professor. Confesso que  o desafio foi grandioso, aos meus alunos fiz de tudo para que eles aprendessem  o conteúdo, foram minhas melhores cobaias,  mas em contrapartida aprendi muito com cada um deles.
Em 1975 fui para a Escola Isolada Estadual “Escola Porto Paraíso” e lá fiquei  até 1978. O prefeito  da época era o senhor Germano Sordi e, como prefeito humanista, foi a pessoa  mais  importante  no continuar da minha carreira  educacional  e  profissional. Por ele fui convidada em 1979 para assumir  o Programa  Municipal de Alimentação  Escolar (PMAE) e fui  estudar em  Belo Horizonte,  na  Escola  de Nutrição  “Firmina Santana”,  onde fiz o curso  de Nutrição com o intuito de muito bem trabalhar com a alimentação escolar  e, naquele programa eu fiquei por 20 anos.   Paralelo  a este trabalho  eu  ministrava  aulas  de 1ª a 4ª série no Colégio Estadual, trabalhei com alunos  da pré-escola e também da 4ª série. Eu mencionei  que Germano Sordi  foi a pessoa mais importante na busca das minhas realizações  profissionais porque fiz Pedagogia na Fundação Faculdade Municipal de Educação, Ciências  e Letras de Paranavaí (FAFIPA). Naquela época, o curso era pago,  inclusive o transporte, lá fiquei por quatro anos e o meu patrocinador foi ele. O tempo foi passando e eu conseguindo com minhas próprias pernas conquistar os meus espaços. Nas minhas buscas educacionais fiz Estudos Sociais na Fafipa e História na Unipar (Universidade Paranaense). Ah!! Meu sonho  por primeiro era ser delegada e, para ser, o curso que eu deveria fazer seria Direito, mas preta e pobre faz este curso quando??.  E, em 2000, fim do século 20, prestei vestibular e, no 1º ano  do século 21, início do terceiro milênio, me vi em uma  das salas da Unipar, no meu primeiro dia no curso que tanto almejei e lá fiquei até 2006, porque, em 2004 tive trombose e perdi  o ano. Confesso que me  desencantei , perdi o entusiasmo porque tive que ficar de repouso por alguns meses. Graças a Deus, tive na minha  caminhada   em busca da realização de mais este sonho excelentes  professores e,  em especial  Dr Fabio Luis Franco, Dr Luis Carlos de Sousa e Dr Antonio Darienzo  Martins, graças ao apoio de cada um deles consegui concluir o meu curso, foi uma das grandes vitorias  da minha vida.
Em 2005, mais precisamente no mês de março, comecei a colocar em prática o que  aprendi no Curso de Direito, exerci a profissão de Delegada: Alciemi Maciel foi o motivo desta transformação, a partir dele inaugurei um novo rumo em minha vida e, no dia 23 de dezembro de 2006,  contraímos matrimônio, prendi-o exerci vários ramos do Direito, graças a Deus hoje tenho meu lar ao qual denominamos “Mansão Souza Maciel” e o meu esposo para mim será eternamente o “meu nego”.
Ao comemorar meus  40 anos de magistério confesso que muito aprendi com todos os que cruzaram meu caminho e, muito mais com cada um dos meus alunos e muito mais ainda hei de aprender. Confesso que amo ser professora.  Se eu tiver que sempre escolher uma profissão pode ter certeza sempre escolherei ser professora.
Na minha trajetória educacional trabalhei na vigência das leis: 4.024/61, 5692/71 e 9496/96; pude usufruir de leis que  professor era “o Professor”, o respeito era a essência, os alunos  tinham-nos como pessoas muito importantes. Na maioria das vezes nem materiais os alunos tinham para fazer suas atividades, mas carregavam consigo o que era mais importante e primordial: a educação, o respeito e a dignidade, além disso junto com seus materiais carregavam também a sacolinha de legumes, verduras e cereais para fazermos a merenda diária; os pais, por sua vez, sem nenhuma formação acadêmica, eram bem mais presentes e responsáveis na educação de seus filhos.
Hoje os alunos tem de tudo, material didático, uniforme, transporte escolar, merenda escolar farta e balanceada, etc…, mas não têm  o primordial e  essencial  que é a Educação e a vontade de estudar, parece que a ambição, o sonho profissional, a vontade de vencer, está se perdendo ao longo da caminhada e o caminho mais fácil é o das drogas, o do conseguir fácil, os pais se esqueceram que a tarefa  e a preocupação de educar seus filhos pertence a eles e faz-se necessário que cada um assuma e com urgência o seu papel, caso contrário que futuro terão essas crianças? Parece até que os pais transferiram este compromisso para Escola e o Conselho Tutelar, afirmo que a escola é feminina mas não é mãe e que  o aluno fica nela por no  máximo 4 horas diárias, e fora dela 20 horas, e de quem é a preocupação???,  e o seu papel é empoderá–los do conhecimento e,  em se tratando de Conselho Tutelar, é masculino mas não é pai, então pressupõe-se  que  os pais terão que urgentemente assumir o seu papel se escolheram ou não os filhos  não é problema da sociedade, se eles aí estão  com certeza têm pai e mãe, os quais  deverão fazer o dever de casa.
Nestes 40 anos de magistério, ao fazer uma retrospectiva das minhas conquistas frente aos educandos que por mim passaram, posso afirmar com convicção que as sementes foram lançadas em solos férteis, pois os frutos saíram saudáveis, e  estão  em todas as partes deste Pais, destacam-se em todas as áreas e com muita certeza  grande maioria deles são excelentes profissionais e desempenham suas funções com muita dignidade, maestria e profissionalismo. Se sou vencedora é porque  acredito em um  Deus maravilhoso que a mim deu a vida e para grandes feitos, a minha fé foi imbatível, apostei em meus sonhos, investi em meus ideais, desafiei as diversidades que não foram poucas, pois, para um sonhador o que não pode imperar é  a fraqueza, a descrença e o pessimismo. A Deus eu agradeço pelo dom da vida, porque dele é o poder e a glória, aos Meus Pais por terem me dado a oportunidade de estar neste mundo, e a todos que contribuíram por essa vitória, principalmente aos meus  alunos, aos  quais sou eternamente grata.
Estamos no século 21, é início do terceiro milênio, tudo no mundo caminha a longos passos, a tecnologia por sua vez é ponto fundamental desta evolução e, em meio a tantas conquistas o conceito de família parece estar se perdendo, os pais por sua vez parece ter desconhecimento  dos seus   compromissos  diante de seus filhos, e desta feita grande maioria de crianças e jovens estão se perdendo no mundo das drogas, delinquências e prostituições, os pais deverão aproveitar este novo século e reinaugurar seus compromissos frente a seus filhos e assumir as rédeas de suas famílias, pois tempo terão de sobra. E quanto a mim, afirmo com muita convicção que esta vitória tem “Sabor de Mel”, eu estou muito feliz e, em qualquer  lugar que estou  ou estiver, meu slogan sempre será  “SOU FELIZ”.

Maria Eunice de Souza Maciel
Professora de Historia e Noções de Direito e Noções Trabalhistas