Renda do trabalhador cresceu no maior ritmo desde 2004
O descompasso resulta do alto custo de demissões e da escassez de mão de obra em alguns setores, o que fez empresários segurarem trabalhadores e aceitarem pagar melhores salários.
É reflexo ainda do crescimento maior do PIB em atividades que ocupam mais pessoas, como comércio e serviços, dizem analistas.
Neste cenário, a taxa média de desemprego ficou em 5,5% em 2012, a menor já registrada desde 2003, primeiro ano da série histórica.
Em dezembro, o desemprego ficou em 4,6%, a mais baixa taxa mensal já registrada. No mês, porém, tradicionalmente menos pessoas procuram trabalho por causa das festas de fim ano, reduzindo a taxa. Uma alta é esperada para janeiro.
Já o rendimento subiu 4,1%, o melhor desempenho da série histórica do IBGE, graças também ao forte reajuste do salário mínimo, segundo especialistas.
A alta do rendimento também está por trás da redução da taxa de desemprego. É que as famílias passaram a ganhar mais nos últimos anos, o que fez com que jovens e aqueles que não chefiam os lares possam optar por não procurar emprego e estudar ou cuidar da casa.
"Há uma queda na participação dos jovens no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que aumenta a escolaridade dessa faixa", diz Gabriel Ulyssea, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
PLENO EMPREGO – Para Ulyssea, o "mercado de trabalho está muito aquecido e perto de uma situação de pleno emprego", o que pode ser um "gargalo" para recuperação da economia em 2013 por causa da falta de mão de obra. As previsões apontam crescimento na faixa de 3%, acima do 1% estimado para 2012.
Já Cimar Azeredo Pereira, do IBGE, não vê um cenário de pleno emprego em razão da ainda elevada informalidade e das diferenças regionais. Tal condição é alcançada quando a taxa se aproxima de 5%, segundo a teoria econômica.
Pereira concorda, porém, que os dados mostram aquecimento e menor oferta de empregados. O único sinal de possível reflexo da crise, diz, é o crescimento menor do emprego com carteira assinada.
Cresce o número de domésticas que são diaristas
Como está mais caro ter uma empregada mensalista, as famílias optaram por contratar diaristas, indicam dados do IBGE.
Um sinal dessa tendência é que o peso da carteira assinada no total de empregados no grupamento de serviços domésticos subiu num ritmo menor (de 35,3% em 2003 para 39,3% em 2012) do que na média do setor privado (39,7% para 49,2%).
Para Cimar Azeredo Pereira, gerente do IBGE, está cada vez mais difícil encontrar mensalistas.
Elas percebem que o rendimento delas pode ser maior como diarista.
Tal tendência é confirmada pela queda de 2% no contingente de domésticos em 2012, única categoria com redução expressiva.
Na indústria, o emprego caiu apenas 0,2%.
O maior crescimento do emprego foi na construção (4,6%), setor aquecido por programas de habitação e obras de infraestrutura.
Com menor oferta de trabalhadoras domésticas, o rendimento da categoria cresceu 7,6%, o maior dentre todos os grupamentos. Manteve-se, porém, como o mais baixo (R$ 726,89).