Agora rival, Ganso irá rever Neymar na Vila

SÃO PAULO – Paulo Henrique Ganso, 23, que nasceu para o futebol na Vila Belmiro, volta ao estádio domingo para enfrentar pela primeira vez o Santos, seu ex-clube, e Neymar, 20, amigo e parceiro por quatro anos.
O meia foi confirmado entre os titulares do São Paulo, ontem, por Ney Franco. Ganhou a vaga de Douglas -lateral que atuou improvisado no meio no último jogo.
O técnico disse que o meia está preparado "fisicamente, tecnicamente e mentalmente". O clássico será apenas o segundo jogo dele no ano.
"Ganhei essa chance pela sequência de decisões [ante o Bolívar]. É normal que haja revezamento", disse Ganso, ontem, após o treino.
O reencontro entre Ganso e o Santos na própria Vila é destaque da quinta rodada do Paulista. O meia deixou time de forma tumultuada em setembro, após tratativas entre o clube, o São Paulo e o DIS, representante do meia.
O São Paulo fez quatro propostas até acertar a compra por R$ 23,9 milhões, cifra recorde no Brasil. A saída de Ganso irritou a direção santista, que rompeu com o DIS, e revoltou os torcedores.
Na última apresentação pelo Santos em casa, em agosto, Ganso foi hostilizado. A torcida até jogou moedas no gramado. Sua imagem, que ilustrava o muro do CT, foi pichada e apagada.
O Santos aprovou a restauração da pintura, ainda sem data definida para ocorrer.
"Ganso é profissional. Teve uma história bonita aqui. Não há ressentimento", disse Odílio Rodrigues, presidente em exercício do Santos.

Rumos opostos
O reencontro entre Ganso e Neymar também é aguardado com expectativa.
Ambos falaram com bom humor sobre serem rivais e até apostaram um jantar.
"É esquisito enfrentá-lo, vê-lo com uma camisa diferente. Espero que ele não jogue, que fique em casa torcendo", disse Neymar.
"Vou abraçá-lo. É um grande irmão. Espero vencê-lo, mas seria melhor que ele não jogasse", respondeu o meia.
Ganso estreou pelo Santos em 2008. Neymar, só um ano depois. Formaram a dupla de ouro do time santista. Conquistaram seis títulos, mas tiveram rumos opostos.
O meia era apontado como a estrela que conduziria o Brasil na Copa-14, papel hoje creditado a Neymar.
De 2008 para cá, Ganso colecionou números modestos em relação ao atacante. Sofreu com seguidas lesões, inclusive nos dois joelhos. No São Paulo, não conquistou a titularidade em definitivo.
Neymar, por outro lado, virou artilheiro e líder do Santos. Não tem histórico de lesões, e sua ausência é sempre um problema para o time.
Na seleção, o cenário é parecido. Neymar é unanimidade, enquanto Ganso busca espaço. O clássico é a chance para ele reiniciar a luta.