Carnavais de rua podem voltar a animar Paranavaí

Quem viveu em Paranavaí na década de 1980 deve se lembrar da grande festa que acontecia todos os anos durante o Carnaval. A cidade tinha duas escolas de samba (Clube da Binidita e Chico Venâncio) e diversos blocos de foliões.
Em dias de desfile, milhares de pessoas se reuniam para assistir ao espetáculo. E se divertiam. O tempo passou e o movimento perdeu forças, mas, mais de 20 anos depois, a cidade pode voltar a ter o Carnaval de rua.
O presidente da Fundação Cultural de Paranavaí, Paulo Cesar de Oliveira, explica que uma das metas do Plano Municipal de Cultura é organizar a retomada das festividades carnavalescas. “Queremos criar um projeto para que o Carnaval de rua aconteça em 2014, mesmo que seja simples no início, mas que vá crescendo gradativamente a cada ano”.
Oliveira afirma: “Já tivemos um Carnaval de rua representativo. Era um movimento muito forte em Paranavaí”. O desejo de que a história seja revivida é grande. “Existem muitas pessoas interessadas em retomar o Carnaval de rua, por isso, vamos fazer o que for possível para incentivar este movimento”, garante o presidente da Fundação Cultural.
A possibilidade anima o advogado Edilson Avelar, que foi presidente da Escola de Samba do Clube Binidita por quatro anos. “A cidade tem uma veia cultural muito forte e precisa resgatar os Carnavais de rua. Será um desafio muito grande, mas tem tudo para acontecer”.
MEMÓRIAS DO CARNAVAL – Avelar conta que a escola de samba chegou a contar com 320 pessoas desfilando pelas ruas de Paranavaí, todas com fantasias e adereços, acompanhando os carros alegóricos.
Segundo ele, espectadores de toda a região viajavam para Paranavaí para assistir aos desfiles. “Era muita gente. Já tivemos público de 15.000 pessoas”.
Era um Carnaval luxuoso, relembra o advogado. Uma das maiores festas realizadas no interior. E tudo muito bem organizado. A Escola de Samba Clube Binidita, por exemplo, tinha até estatuto, os integrantes se reuniam em assembleias e faziam promoções e eventos ao longo do ano para arrecadar o dinheiro que era investido na produção dos desfiles.
BLOCO DO SUJO – Em 1981 o Sesc de Paranavaí criou o Bloco do Sujo. O grupo reunia entre 60 e 100 pessoas que não faziam parte das escolas de samba. Dorival Torrente, técnico de atividades culturais do Sesc, sempre esteve à frente da organização do bloco de foliões. Para ele, os grupos carnavalescos eram muito divertidos. “Lembro com muita alegria daquele tempo”.
Torrente conta que a Banda Maluca e o Bloco dos Carneiros, de São João do Caiuá, também participavam das festas em Paranavaí, junto ao Bloco do Sujo. “As músicas faziam críticas políticas ao mesmo tempo em que divertiam quem participava daquela grande festa”.
FIM E SAUDADE – Mas cuidar da organização da festa foi se tornando uma tarefa difícil. “Cada integrante foi tomando um rumo diferente, procurando seus interesses profissionais. Fazer os desfiles demandava tempo, mas como estávamos trabalhando, não podíamos nos dedicar aos desfiles. A cultura do Carnaval de rua se perdeu”, lamenta Avelar.
Por enquanto, o que fica é o desejo de que Paranavaí volte a festejar o Carnaval da mesma forma que acontecia nos velhos tempos. “Dá saudade”, revela Avelar. Mas o capítulo que ajudou a escrever na história da cidade não será apagado. “Tenho muito orgulho. Não retiro do meu currículo o título de presidente da escola de samba por quatro anos”.