Testemunha de crime é assassinada em chacina

SÃO PAULO (Folhapress) – Um rapper e a testemunha de um crime praticado por PMs foram assassinados na primeira chacina do ano, na noite de anteontem, na zona sul de São Paulo. Outras quatro pessoas morreram e três ficaram feridas na mesma ocorrência.
Eram 23h20 quando vários homens encapuzados desceram de três carros e dispararam tiros contra os clientes de um bar localizado na Rua Reverendo Peixoto da Silva.
Dos nove homens baleados, cinco morreram na hora. Entre os mortos estavam Laércio da Silva Grima, o DJ Lah, integrante do grupo Conexão do Morro, e o homem que filmou, em novembro, cinco policiais matando um servente de pedreiro que já estava rendido e desarmado.
O nome dessa segunda vítima não foi divulgado. Segundo a polícia, esse homem nunca configurou como testemunha oficial da morte do crime cometido pelos PMs em novembro porque ele não denunciou o caso oficialmente e nem solicitou proteção.
A vítima só entregou a filmagem a uma equipe de reportagem da TV Globo, que divulgou o vídeo.
De acordo com testemunhas, assim que desceram do veículo, os assassinos gritaram "polícia" e começaram a atirar. O bar onde as nove pessoas estavam fica a menos de 20 metros da casa de onde o servente de pedreiro foi morto em novembro.
Quando a PM chegou, os atiradores já tinham fugido e as vítimas que sobreviveram haviam sido socorridas a hospitais da região.
Questionado se a chacina teve envolvimento de policiais, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que nenhuma hipótese será descartada.
"Tudo vai ser investigado com profundidade, rigor, até prender os criminosos. E a polícia já está trabalhando com vários indícios desde a madrugada", disse o governador.

Hip Hop

Músico há ao menos 15 anos, o DJ Lah integrava um grupo que tem composições que abordam o uso de drogas, preconceito contra moradores da periferia e a violência cometida por policiais.
Um dos clipes do grupo foi gravado no Cemitério São Luiz, na zona sul, e tinha como refrão: "Saiam da mira dos tiras; são eles é quem forçam, são eles quem atiram; rezem para sobreviver".
Entre os que sobreviveram da chacina de anteontem, está o rapper Neivan dos Santos, conhecido como 2Pac. Integrante do grupo Sintonia Lado Sul, o rapper foi internado em estado grave.
O estudante Bruno de Cássio Cassiano Souza, 17, também morreu na chacina. Os nomes das outras vítimas não foram divulgados ontem.
No ano passado ocorreram ao menos 15 chacinas em SP.