Condenado, Valdemar diz que foi culpado pelo “crime errado”

BRASÍLIA – Um dia após ser condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão por três crimes, o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) anunciou ontem que vai recorrer à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ligada à OEA (Organização dos Estados Americanos), para garantir o reexame do seu caso. Valdemar disse ainda que não cogita renunciar ao mandato na Câmara.
O deputado criticou o julgamento do mensalão pelo STF e sustentou que não vendeu apoio em votações de projetos durante os primeiros anos do governo Lula, como apontou a maioria dos ministros do Supremo.
"Não sou inocente, mas nunca vivi de lavagem de dinheiro, corrupção ou formação de quadrilha. Apenas fui condenado pelo crime errado, como certamente ficará provado com a garantia do direito ao duplo grau de jurisdição", afirmou.
O deputado foi condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Ele voltou a apontar que houve um acordo eleitoral entre PT e PL (atual PR) na campanha presidencial de 2002 e que os repasses entre os partidos eram caixa dois eleitoral. Anteontem, a maioria dos ministros entendeu que o mensalão foi a compra de apoio político para a formação da base aliada nos primeiros anos do governo Lula.
O deputado ainda saiu em defesa do ex-ministro José Dirceu e do ex-presidente do PT, José Genoino, que também são réus no processo, negando a participação deles em negociações financeiras do PT após a eleição vitoriosa do ex-presidente Lula em 2002.
"Apelarei até as últimas instâncias do planeta para garantir o inviolável direito a uma defesa que seja examinada em duas oportunidades distintas de julgamento, para garantir que alguém saiba a verdade", disse Valdemar, que diz ter "confiança na Justiça brasileira".