Jornais debatem cobrança por conteúdo digital
SÃO PAULO – Os veículos de comunicação do Brasil devem pensar logo em como cobrar pelo conteúdo digital que oferecem em sites, smartphones e tablets, prática conhecida como paywall.
A avaliação foi feita pelo gerente-geral de News Service do jornal The New York Times, Michael Greenspon, que participou do primeiro painel do 9º Congresso Brasileiro de Jornais. O evento terminou ontem, no Sheraton WTC Hotel, e teve a participação do jornalista Euclides Bogoni, diretor do Diário do Noroeste, de Paranavaí.
Em sua palestra sobre o tema Construindo Novos Modelos de Negócios, Greenspon lembrou que o NY Times tem cerca de 500 mil assinantes que pagam, por algum dos três tipos de pacotes digitais oferecidos, US$ 20 por mês em média. O paywall adotado pelo jornal nova-iorquino se sustenta em quatro pilares: engajamento social, conteúdo em vídeo, móvel e internacional.
Para Greenspon, a cobrança pelo conteúdo digital, implementada no ano passado, deveria ter ocorrido antes. “Um total de 40% da nossa audiência se dizia disposta a pagar por algo. Um ano depois da cobrança, nosso modelo de assinatura digital se provou inovador”, explicou. Mas ele advertiu que a mudança no modelo não pode implicar o abandono das premissas básicas do bom jornalismo: “Nós não fizemos isso e não vamos fazer. O jornalismo de qualidade é importante e deve ser mantido”.
Convencido de que a internet muda os meios, mas não o conteúdo da informação, o ex-diretor da sucursal do Times em Washington Bill Kovach defendeu a adoção de um modelo colaborativo durante o painel Fundamentos do Jornalismo: por que continuam valendo nas novas mídias. Para Kovach, coautor de um clássico das escolas de jornalismo, Os Elementos do Jornalismo, Kovach acredita que os leitores devem ser tratados como participantes do fazer jornalístico.
“O negócio sempre imagina as pessoas como consumidoras. As redações precisam lidar com leitores como parte do que está ocorrendo”, afirmou. Dessa forma, a missão do jornalista passaria a ser filtrar e agregar a avalanche de dados para os cidadãos.
Novo presidente da ANJ destaca jornais regionais
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) elegeu, durante o congresso, como novo presidente, um representante de mídia regional – o diretor-geral da Rede Gazeta do Espírito Santo, Carlos Lindenberg Neto, 46 anos. Ele sucede, para o biênio 2012-2014, a jornalista Judith Brito, da Folha de S.Paulo, que comandou a entidade durante quatro anos.
O novo presidente da ANJ – que atualmente reúne 154 jornais, entre eles o Diário do Noroeste, de Paranavaí, e que são responsáveis por 90% da circulação diária no País – disse “sentir-se honrado” com a missão de defender a liberdade de imprensa e ressaltou o papel dos jornais regionais, valorizados com sua escolha para o cargo.
“Jornais regionais são fundamentais em um país como o nosso, formado por muitos Brasis. E ninguém representa melhor as realidades locais que os jornais regionais”, afirmou Lindenberg.
“Vir de um deles e representar os 154 jornais de todo o País filiados à entidade é prova da valorização desses veículos de médio porte que batalham pela informação Brasil afora”, completou.
No encontro, o governador de SP, Geraldo Alckmin destacou como “dever do Estado” a prestação de contas por meio da transparência de informações: “Temos que usar os meios de informação, as tecnologias, para transparência, para melhorar a qualidade da administração, de forma a evitar abusos”.
Os demais presentes destacaram a importância da liberdade de imprensa para a democracia. “A contribuição que a imprensa dá para o nosso trabalho é essencial e insubstituível, seja nas críticas firmes, às vezes bastante duras, nas sugestões e cobranças, enfim, no seu trabalho diário, os jornalistas participam ativamente na definição dos rumos da cidade”, disse o prefeito Kassab.