Mercado antecipa 2º trimestre fraco para estatal e ações despencam
Com o dólar em alta impactando a dívida e as importações da companhia, o petróleo em queda e a produção menor, o lucro da Petrobras de abril a junho -previsto para ser divulgado na próxima sexta-feira– deve girar em torno dos R$ 4 bilhões, de acordo com média publicada no site da empresa com 21 corretoras.
O valor representaria uma queda de 56,2% em relação ao período de janeiro a março, quando o lucro ficou em R$ 9,2 bilhões. A queda é ainda pior se comparado ao lucro de R$ 10,9 bilhões registrado um ano antes: 63,3%.
As ações preferencias fecharam em queda de 3,99% e as ordinárias perderam 4,52%, também abatidas pelo desempenho do mercado de maneira geral que despencou 2% nesta terça-feira.
"A produção veio abaixo e o pessoal recalculou o trimestre. Junta-se a isto outras questões, como problemas na Argentina, importações e dívida pesada em dólar", avaliou Nataniel dos Santos, do Banco do Brasil Investimentos.
A moeda americana havia caído 1,93% no primeiro trimestre e teve valorização de 10,02% no segundo trimestre frente ao real.
O petróleo, em alta de 12,30% no primeiro período do ano, caiu 22,26% de abril a junho.
O governo da Argentina aumentou o controle sobre as operações de petroleiras estrangeiras, o que afeta as operações da Petrobras no país, que já teve inclusive uma concessão suspensa na província de Neuquém.
A Petrobras vem sendo também obrigada a importar derivados para abastecer o mercado interno, o que já teve impacto no balanço do primeiro trimestre e, por causa da alta do dólar, deve ser ainda mais forte no segundo.
Para o analista Gustavo Gattass, da BTG Pactual, que também prevê lucro em torno dos R$ 4 bilhões, o principal impacto no segundo trimestre será sobre a dívida da companhia, já que grande parte é em dólar.
No primeiro trimestre do ano a dívida em dólar da empresa era de R$ 76,5 bilhões.