Desigualdade diminui, mas ainda é grande, afirma OIT

BRASÍLIA – Estudo inédito da OIT (Organização Internacional do Trabalho) apontou que as desigualdades regionais, de gênero e de raça no mercado de trabalho diminuíram no país.
A pesquisa, referente ao período entre 2004 e 2009, aponta, porém, que há muito o que fazer para melhorar as condições de trabalho no Brasil.
Pela primeira vez, o levantamento chamado "Perfil do Trabalho Decente no Brasil" abrangeu todos os Estados, verificando diversos aspectos do chamado "trabalho decente", como rendimento no trabalho, taxa de formalização e desemprego.
Uma das desigualdades apontadas no estudo se refere às diferenças de gênero. Apesar de a participação feminina no mercado de trabalho ter crescido consideravelmente – em 1992, elas representavam 40% da população economicamente ativa; em 2009, o índice subiu para 44,5% -, as mulheres ainda ganham menos e trabalham mais.
"O trabalho de reprodução social continua sendo preponderantemente feminino. As mulheres entraram no mercado de trabalho, mas o trabalho doméstico continua sendo delas", afirma a diretora do escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo.
O estudo da organização trabalhou com o conceito de "jornada integral", levando em conta o tempo passado no trabalho formal e também aquele despendido nos afazeres domésticos. De acordo com os resultados, as mulheres dedicam, por semana, 36 horas ao trabalho formal e 22 horas ao doméstico, totalizando 58 horas.
Já os homens passam mais tempo no trabalho formal (43 horas), mas apenas 9,5 nos afazeres domésticos, o que significa uma jornada de 55 horas, três a menos do que a feminina.
"Mesmo dentro dessas 9,5 horas, os homens trabalham com as atividades interativas: levar a criança à escola e fazer compras, por exemplo", diz José Ribeiro, responsável pelo estudo.
Outro dado obtido pelo estudo foi a desigualdade entre brancos e negros, que diminuiu, mas persiste: em 2004, os negros recebiam cerca de 53% do rendimento dos brancos. Em 2009, essa relação ficou em aproximadamente 58%.
O rendimento médio mensal dos negros passou de R$ 607 para R$ 788 (crescimento de 29,8%), enquanto que o dos brancos variou de R$ 1.143 para R$ 1.352 (aumento de 18,3%).