UTI da Santa Casa participa de pesquisa científica com o Hospital Albert Einstein

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Paranavaí está participando do programa Telescope Trial, uma iniciativa do Governo Federal (Ministério da Saúde/SUS), conduzida pelo Hospital Israelita Albert Einstein, que visa avaliar o impacto do uso da telemedicina nas UTIs brasileiras. São 30 Unidades que estão participando desta pesquisa, 15 delas com acompanhamento de um profissional intensivista do Einstein através de robô, e outras 15 apenas com o envio de informações (grupo controle).
Segundo o chefe da UTI da Santa Casa, Bruno Leal, a intenção é comparar o desempenho destas unidades e verificar a efetividade da telemedicina associado ao especialista intensivista da unidade. Caso o estudo comprove um impacto positivo desta modalidade de medicina, este tipo de intervenção poderá ser disseminado para todo o país.
O Hospital Albert Einstein, desde 2001, usa a telemedicina em mais de 80 UTIs do país. Mas são contratos particulares. O Governo quer confirmar a eficiência para adotar esta modalidade através do SUS.
A participação da Santa Casa nesta pesquisa começou a ser costurada no ano passado, quando o Einstein iniciou os convites aos hospitais cujo perfil de UTI se encaixava nos quesitos previstos no planejamento do estudo. Leal percebeu que o porte da Unidade que chefia atendia os requisitos e buscou informações, foi a São Paulo tratar do assunto, cadastrou o hospital numa plataforma de pesquisa e tomou outras providências. No início eram cerca de 3.200 UTIs interessadas em participar do programa. Destas, foram selecionadas aproximadamente 800, para finalmente classificar as 30 que participariam. “Fomos vencendo etapas”, contou o intensivista, que está animado com a experiência, que vai avaliar, até dezembro do ano que vem, 15 mil pacientes nas Unidades pesquisadas. “No mínimo estamos ganhando mais uma profissional intensivista, titulada, que vai nos ajudar na UTI, fazendo o round da manhã junto com a nossa médica”, disse Leal. A escolha das 15 UTIs que receberiam a telemedicina e as que teriam apenas o acompanhamento de resultados foi feita através de randomização (aleatoriamente).
Mês passado a enfermeira sênior da TeleUTI e coordenadora do programa no Hospital Albert Einstein, Maura Cristina dos Santos e a médica intensivista Solimar Miranda Grande, estiveram na Santa Casa. Expuseram como vai funcionar o programa e ajustaram o enfermeiro Leandro Lima Pereira como coletador de informações, que diariamente alimenta o sistema com dados do prontuário dos pacientes.
Também foi instalado um robô para que a médica intensivista do hospital paulistano participe do round na UTI. O robô possui câmera de alta definição e grande capacidade de aproximação com imagens em alta resolução (como as de rodovia que aproximam placas de carro de longa distância), microfones sensíveis, uma tela por onde a profissional do Einstein conversa com o profissional da Santa Casa e teclado para alimentação das informações do prontuário.
Na Santa Casa o round multiprofissional já foi implantado na UTI. Participam do round um intensivista, nutricionista, fisioterapeuta, infectologista – equipe do CCIH – e enfermeira. As visitas têm o acompanhamento dos médicos residentes da especialidade de Clínica Médica. É feito uma avaliação conjunta, leito a leito, os pacientes da Unidade.
Agora, além deste round que é feito às 14 horas, pela manhã é feito um outro, conduzido pela médica Edivânia Donadelli, que atua na UTI na parte da manhã, com a participação da médica intensivista do Hospital Albert Einstein. Durante duas horas (das 8 às 10 horas) a profissional da telemedicina participa da avaliação dos pacientes dos 12 leitos, opina e discute os casos com os profissionais locais. Mas sempre prevalecem as decisões do intensivista presencial, que pode validar as orientações da especialista que faz o atendimento à distância.
“Eu não tenho dúvidas de que a participação nesta pesquisa é um grande ganho para a Santa Casa. A troca de experiências e a ajuda de outros profissionais é sempre muito bem-vinda”, diz Bruno Leal, satisfeito com a avaliação que a equipe do Einstein fez da UTI local, de que entre as visitadas é a mais organizada, com a adoção de protocolo, estruturada, um médico intensivista titulado, realização do round multiprofissional etc.
“Os profissionais do Einstein nos tratam de igual para igual, eles nos respeitam e isto nos dá liberdade para trocar experiências”, assinala o intensivista, que, com este programa espera atingir seus objetivos de reduzir casos de infecção, a utilização de antibióticos, o tempo de utilização de ventilação mecânica (paciente “entubado”), tempo de internação e, sobretudo de mortalidade.