Estimativa é que Paranavaí tenha cerca de mil dependentes químicos
O Ministério da Saúde estima que 1% da população tenha algum tipo de dependência química (álcool e drogas). Projetando este índice para Paranavaí, com base em informações oficiais, estima-se que na cidade haja hoje entre 800 e mil dependentes químicos. Para o presidente do Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas (Comud), Dante Ramos Júnior, “este número é alarmante. E infelizmente nem a metade deste contingente está procurando tratamento para deixar a dependência”.
Por isso, informa ele, o Comud, a Unipar e a subsecção local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seguindo orientação do Departamento Estadual de Políticas Públicas Sobre Drogas (DEPSD), vão promover neste mês de junho ações preventivas.
No Paraná foi instituída em 2017 o “Junho Paraná Sem Drogas”, através da Lei 19.121. O período, também conhecido como “Junho Branco”, segundo a lei, é “dedicado a ações de esclarecimento e incentivo às prevenção e ao tratamento contra o uso indevido de drogas”.
Nesta segunda-feira, dia 3, Ramos Júnior estará em Curitiba na abertura do “Junho Branco”, a nível estadual, em solenidade a ser realizada no Museu Oscar Niemeyer, com a presença do governador Ratinho Júnior. E na quinta-feira, dia 6, será aberta a edição municipal do “Junho Branco” em Paranavaí, no anfiteatro da Unipar, com a presença do diretor do DEPSD, delegado Renato Bastos Figueiroa; Luiz Carlos Hauer, vice-presidente da Federação Paranaense dos Centros Terapêuticos; e José Augusto Soavinski, do Departamento de Cursos e Palestras do DEPSD.
RESISTÊNCIA – Um levantamento feito junto as unidades dos CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) AD (Álcool e drogas) e Infantil, mostra que o número de pessoas que está procurando algum tipo de tratamento em Paranavaí é muito pequeno em relação ao contingente de dependentes. No CAPS-I, que atende dependentes com até 19 anos, a informação é de que há uma forte resistência ao tratamento nesta faixa etária. “Eles não se consideram viciados. Acham que podem largar as drogas quando quiser. Quem vem, geralmente vem obrigado pela família, pelo Ministério Público ou pela Justiça. Mas vem de cara feia”, conta a coordenadora da unidade, Renata Kimura.
Para se ter uma ideia do problema, levantamento do CAPS-I aponta que no ano passado foram atendidos 70 pacientes com dependência química. Só que, em 2007 foi realizado um estudo na cidade e segundo Ari Martinez, na época coordenador municipal de Saúde Mental, e que participou deste trabalho, foram detectadas 352 pessoas até 19 anos com dependência química. Isto representa que hoje são atendidos apenas 20% do grupo que existias naquela época e que deve ter aumentado.
No CAPS-AD a situação não é diferente. Até agora, já passaram por aquela unidade quase 2.500 pessoas. Segundo Michele Regina Costa Martins, coordenadora da unidade, atualmente 109 pessoas estão frequentando o Centro e em média outras 100 pessoas passem por lá mensalmente para consultas. Ou seja, um número bem abaixo da estimativa do número de dependentes existentes nas cidades.
PORTA DE ENTRADA – O presidente do Comud, Dante Ramos Júnior, alerta que além das drogas ilícitas, outro problema está relacionado às drogas lícitas, especialmente o álcool. “Todos nós conhecemos famílias que têm problemas de uma ou mais pessoas com alcoolismo. São pessoas que, às vezes, se tornam violentas ou irresponsáveis e que não conseguem deixar mais a bebida alcoólica”, aponta ele.
Mas o que mais preocupa nesta questão é que as pessoas estão começando a ingerir bebida alcoólica cada vez mais cedo. “Os adolescentes hoje estão bebendo muito e começando muito cedo. Além dos males que o álcool provoca é também a porta de entrada para as drogas ilícitas e mais pesadas”, adverte o presidente do Conselho.
É neste contexto que surgiu o “Junho Branco”. “Neste período vamos desenvolver ações para despertar e conscientizar a sociedade para o problema. E é importante a participação de toda a rede de proteção e de voluntários, porque, infelizmente, o problema pode chegar a todas as famílias. Então é importante saber diagnosticar o problema, quais são as ações preventivas e no caso de acontecer, o que fazer para sair o quanto antes”, aponta Dante Ramos Júnior.