Risco de epidemia de dengue cresce na cidade Paranavaí
Os fatores negativos vão se acumulando e complicando cada vez mais a situação. Enquanto os moradores descartam lixo de maneira irregular em terrenos baldios e fundos de vale, o poder público não dispõe da quantidade suficiente de agentes de endemias.
Somando o alto índice de infestação por Aedes aegypti e os primeiros casos de dengue confirmados, o resultado não poderia ser outro: o risco de epidemia da doença cresce em ritmo acelerado.
Assessor da Vigilância em Saúde de Paranavaí, Randal Fadel Filho disse que o momento é de alerta total. Ele classificou o cenário do município como assustador e demonstrou preocupação quanto às dificuldades para resolver o problema e evitar que a quantidade de pessoas com dengue aumente.
Em boletim divulgado nesta quarta-feira (6), a Vigilância em Saúde apontou 62 registros de pacientes com sintomas da doença. Foram nove casos positivos e 46 negativos. Outros sete estão sendo analisados. “O número de notificações é muito alto. Praticamente dois a cada dia”, avaliou Fadel Filho.
A solução passaria por uma série de caminhos. O primeiro, de acordo com o assessor da Vigilância em Saúde, é conscientizar as pessoas de que o lixo não deve ser descartado em locais indevidos. “A mentalidade é de que a prefeitura tem que limpar.” Por isso, jogam pneus, móveis e materiais de construção onde parecer mais fácil.
Esses resíduos podem acumular água e dar condições para que o Aedes agypti se prolifere. Em dias de temperaturas elevadas e com chuvas rápidas, como os registrados nas últimas semanas, a tendência é que o ciclo reprodutivo do mosquito transmissor da dengue seja mais rápido, podendo ser concluído em até 48 horas.
Até o ano passado, Paranavaí dispunha de um caminhão de apoio, que era utilizado para recolher o lixo jogado pelos moradores. O veículo, no entanto, não está mais em circulação, o que dificulta esse tipo de coleta.
A equipe de agentes de endemias também é menor do que seria necessário. Pelos cálculos de Fadel Filho, a Vigilância em Saúde precisa fazer a reposição de quatro funcionários e ampliar a equipe com a contratação de pelo menos mais dez pessoas.
O déficit de recursos humanos e a inércia das organizações civis diante da realidade tornam as ações de prevenção e combate à dengue ainda mais difíceis. “Encontramos mosquitos em todos os bairros, mas a sociedade não está se mobilizando para reagir”, assinalou Fadel Filho.
LIRA – Em janeiro deste ano, a equipe de endemias realizou o Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (Lira). Durante as visitas domiciliares, constatou que a quantidade de focos do mosquito transmissor da dengue representa 3,2%, acima do que é considerado tolerável pelo Ministério da Saúde, 1%.
Essa marca colocou Paranavaí na classificação de médio risco em relação à epidemia da doença, muito próximo do alto risco (a partir de 4%). Por isso, as equipes da Vigilância em Saúde seguem com os trabalhos diários de eliminação dos focos do mosquito e de conscientização da população.