Após empossado, Bolsonaro diz que a “barra vai ser pesada”

BRASÍLIA – Em transmissão ao vivo ontem, nas redes sociais, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, pediu o apoio de todos para governar a partir de 1º de janeiro de 2019, quando tomará posse.
Ele disse que a “barra vai ser pesada”, mas com apoio de Deus e da sociedade será possível superar. Bolsonaro lembrou que aqueles que estavam no poder não acreditavam na sua vitória.
“Está chegando o grande dia: 1º de janeiro quando iniciaremos o nosso governo. Mais do que nunca preciso de vocês ao nosso lado porque a barra vai ser pesada. Ninguém acreditava. Ninguém que estava lá no poder acreditava nessa vitória. Teremos problemas lá na frente? Sim. Mas acredito em Deus e no apoio de vocês.”
Na transmissão ao vivo, Bolsonaro apareceu sozinho sem a tradutora de libras. Também não havia sobre a mesa os livros que normalmente mantém para indicar a leitura.
PARENTES – O presidente eleito ressaltou que a expectativa é de cerca de 500 mil pessoas para acompanhar as cerimônias que vão ocorrer ao longo do dia 1º. Também destacou que não tem como distribuir convites para as cerimônias e que deixou a cargo de sua assessoria esta responsabilidade.
“Só de parente meu eu tenho uns 60 que eu não sei como será a divisão entre eles”, afirmou o presidente eleito. “Realmente, não tenho como fazer como todos possam comparecer a todos esses locais mais reservados.”
No dia 1º de janeiro, haverá três cerimônias distintas associadas à posse do presidente da República. No Congresso Nacional, Palácio do Planalto e no Palácio do Itamaraty, último local onde ocorre um coquetel para convidados limitados. Um dos momentos mais emocionantes ocorre no parlatório do Planalto quando o presidente Michel Temer deverá transmitir a faixa presidencial para Bolsonaro.
DITADORES – Bolsonaro reiterou que os presidentes de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e da Venezuela, Nicolás Maduro, não foram convidados para a solenidade em Brasília.
“Nós não convidamos o ditador cubano nem venezuelano. Afinal de contas é uma festa da democracia. Lá [em Cuba e na Venezuela] não existem eleições, quando existem são suspeitas de fraudes.”
O presidente eleito voltou a criticar a presença dos profissionais de saúde de Cuba, que eram vinculados ao programa Mais Médicos. Segundo ele, muitos não eram médicos, mas sim agentes que trabalhavam para o governo cubano.
IMAGENS SACRAS – A menos de duas semanas da posse, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou ontem que todas as imagens e obras que fazem alusão à religião católica e às de matriz africana serão mantidas nos palácios do Planalto e Alvorada como estão atualmente. Ele fez a afirmação em dois momentos distintos ao longo do dia: de manhã e à noite.
Bolsonaro disse que é católico e a mulher, Michelle, evangélica, mas ressaltou que o fato de terem credos distintos não causa divergência entre ambos. Ele disse que tem em casa uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, que ganhou ao visitar a cidade de mesmo nome no interior de São Paulo, e que Michelle não se incomoda.
“Mentira [que a mulher dele vá retirar imagens sacras dos palácios]. Aqui em casa tem uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, que eu ganhei quando estive lá, e minha esposa não falou nada. Eu sou catóilico e ela é evangélica. E ela não falou nada”, disse Bolsonaro em "um vivo" que fez pelas redes sociais e que durou pouco mais de 10 minutos. “Nós nos respeitamos.”
A reação ocorre um dia depois de o jornal Folha de S.Paulo publicar matéria informando sobre a possível intenção da futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro, de retirar obras de arte e imagens com simbologia católica da residência oficial.
A reportagem informa que, por ser evangélica, Michelle teria mencionado intenção de retirar um par de tocheiros com imagem de anjos barrocos, na biblioteca, e quatro estátuas de santos nas salas de música e de estado. “Não por acaso, criam narrativas para nos desgastar a todo custo”, lamentou Bolsonaro na rede social.
Mais cedo, pelo Twitter, o presidente eleito disse ter sido surpreendido com a notícia que sua esposa retiraria imagens católicas da futura residência oficial por causa de sua religião. "Ela é evangélica e eu, católico, ambos temos objetos que lembram nossa fé em nossa casa”, escreveu Bolsonaro.