Risco de epidemia de dengue preocupa autoridades de Paranavaí
“A situação vai se complicar muito se a população não tomar os devidos cuidados”.
A frase da diretora de Vigilância em Saúde de Paranavaí, Veronica Moraes Francisquini Gardin, demonstra a preocupação com o elevado índice de infestação por Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Segundo ela, o descarte irregular de lixo continua sendo um dos principais problemas em toda a cidade.
Na manhã de ontem, representantes de diferentes órgãos públicos e entidades se encontraram para falar sobre o assunto. A reunião do Comitê Municipal de Combate à Dengue foi oportunidade para a apresentação de propostas de ação no sentido de evitar que Paranavaí enfrente uma epidemia de dengue.
Assessor da Vigilância em Saúde, Randal Fadel Filho afirmou que as condições são totalmente favoráveis para a rápida proliferação do Aedes aegypti. “Temos altas temperaturas, chuvas constantes e circulação do vírus”. Outro ponto destacado por ele foi a quantidade de focos de larvas do mosquito encontrada pela cidade: 20 por dia.
A maioria desses criadouros está em terrenos baldios, fundos de vale e margens de vias públicas, no meio dos resíduos jogados por moradores. Além do lixo doméstico, figuram nesse contexto garrafas, plásticos, latas e entulhos de construção. Juntos, esses materiais concentram 46,3% dos focos de larvas do Aedes aegypti.
Pequenos depósitos móveis, por exemplo, bebedouros de animais, somam 26,8% dos criadouros do mosquito. Baldes e recipientes utilizados para a captação da água da chuva totalizam 18,3%. Pneus, 4,9%. Piscinas e tanques, 3,7%.
ESTRATÉGIAS – Entre os tópicos discutidos durante a reunião do Comitê Municipal de Combate à Dengue, os participantes falaram sobre o que pode e deve ser feito para conter a possível epidemia da doença.
O assessor da Vigilância em Saúde disse que a equipe municipal tem atuado em várias frentes. São três grupos fazendo a eliminação de focos do Aedes aegypti pelos bairros com maiores índices de infestação, além de agentes levando orientações aos moradores e realizando o chamado bloqueio, que consiste em uma série de medidas para evitar que os mosquitos se espalhem.
Na próxima semana, haverá reunião com representantes de imobiliárias de Paranavaí. O objetivo é pedir colaboração do setor para que os agentes de controle de endemias tenham acesso, com mais facilidade, a imóveis fechados – para alugar ou à venda – e possam eliminar focos do Aedes aegypti.
No dia 30 de novembro, as equipes de saúde estarão preparadas para uma atuação intensiva junto à população. Será o “Dia D” de mobilização nacional de combate à dengue.
PUNIÇÃO – Até agora, a situação de Paranavaí em relação aos casos da doença era considerada tranquila. Por isso, a Administração Municipal reduziu o rigor na aplicação de multas. Com o risco iminente, as punições deverão voltar com força a partir de agora. “Vamos voltar a notificar”, declarou Fadel Filho.
Funciona assim: sempre que um agente encontra foco de Aedes aegypti em um imóvel, faz a notificação. O proprietário tem até cinco dias para ir à sede da Vigilância em Saúde para receber orientações e fazer a atualização do cadastro imobiliário.
Se depois disso houver reincidência, ou seja, se forem encontrados outros criadouros do mosquito, o proprietário recebe multa de R$ 400, dobrando a cada vez que a irregularidade for constatada novamente.
PREOCUPAÇÕES – Chefe da Divisão de Vigilância em Saúde da 14ª Regional de Saúde, Walter Sordi Junior manifestou preocupação com a quantidade insuficiente de agentes de controle de endemia em Paranavaí.
A secretária municipal de Saúde, Andréia Vilar, disse que está ciente do problema, mas que só é possível resolvê-lo com a realização de um concurso público, afinal, as contratações precisam ser feitas dentro dos parâmetros da lei. O processo já está em andamento e a previsão é que o edital seja lançado ainda neste mês.
Para além da questão do quadro de funcionários, outra situação tem deixado as autoridades em estado de alerta: o descarte de pneus. Anteriormente, uma empresa de Paranavaí recebia e dava a destinação correta, mas esse trabalho não é mais realizado. Isso gerou demanda.
Desde então, o caminho para depositar pneus no aterro sanitário é longo. É preciso ir até a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e informar quantas unidades serão descartadas, para que seja gerada uma guia de pagamento.
Depois, é necessário seguir até a Cooperativa de Seleção de Materiais Recicláveis e Prestação de Serviços de Paranavaí (Coopervaí), pagar o valor definido anteriormente e obter a liberação para fazer o descarte. E só então levar os pneus ao aterro sanitário.
PEDIDO À POPULAÇÃO
O pedido das autoridades é que a comunidade se conscientize sobre a importância de adotar práticas sustentáveis em relação ao lixo doméstico e ao descarte de resíduos. “A situação é grave”, avaliou Fadel Filho, ao chamar a atenção dos moradores. É preciso que todos colaborem e façam a parte que é cabível a cada um.
RESULTADO DO LIRA
O último Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (Lira), concluído na semana passada, revelou a grande quantidade de criadouros do mosquito transmissor da dengue em Paranavaí. A cada 100 casas vistoriadas, quase quatro tinham focos.
De acordo com os padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde, o índice considerado tolerável é de 1%. Paranavaí está com 3,6%, ou seja, entra na classificação de médio risco, muito próximo do alto risco, a partir dos 4%.