Cresce número de crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos (onde os estudos sobre o assunto estão bem mais avançados que no Brasil) mostra que para cada 59 crianças nascidas, uma é portadora do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
É um número muito alto se, por exemplo, comparado às crianças com Síndrome de Dow. Neste caso, entre 650 e mil nascimentos, uma criança tem a síndrome.
A informação é da psicopedagoga especialista em educação especial e que trabalha desde 2006 com autistas, Aline Tacon Dambros, e foi dada na primeira edição do Encontro sobre o Autismo, promovido pelo PRODTEA, um grupo que reúne pais e responsáveis por pessoas com deficiência e TEA, que está em fase de organização e legalização em Paranavaí.
Pais, professores e profissionais que atuam no atendimento e na escolaridade dos autistas lotaram o auditório da Santa Casa para ouvir a palestra.
De acordo com a presidente do PRODTEA, Karina Gardin, mensalmente serão realizadas reuniões sobre o tema para elucidar este que, para algumas pessoas, ainda é um enigma.
“Temos que falar mais sobre o TEA. Temos que expor o assunto”, diz ela. Na sua avaliação, quanto mais as pessoas entenderem sobre o autismo, mais qualidade de vida será possível levar aos portadores do transtorno.
QUESTIONADORAS – De acordo com Aline, ao longo dos anos a sociedade tem avançado e acolhido melhor as crianças com TEA. Anos atrás, explicou ela, havia uma segregação, depois houve uma tentativa de integração social.
“Mas só agora estamos falando em inclusão social e escolar. Mas ainda assim querem que o portador do transtorno se adapte à escola. (…) E o que se quer não é uma escola especial, mas um sistema pedagógico especial, adaptado às necessidades do aluno com TEA”, explicou ela.
Aline lembra que crianças superdotadas, por exemplo, têm um comportamento que foge à média. Elas são mais questionadoras e as vezes indisciplinada, porque o que a escola oferece é pouco e a sua genialidade dificulta relacionamentos. “Então, temos que ter espaços e sistemas adaptados a estas crianças”, defendeu ela.
Ainda na palestra realizada na tarde do último sábado, sobre Caracterização e Direitos da Criança com TEA, Aline falou sobre o crescimento do número de crianças com o transtorno, disse que pesquisas apontam duas vertentes para a origem: um grupo defende que o transtorno é uma herança genética e outros que é uma decorrência de questões ambientais. “Eu acho que tem um pouco de cada”, afirmou ela.
Disse que, em média, o transtorno é diagnosticado por volta dos 52 meses de vida. “Normalmente no parquinho da escola”, exemplifica a psicopedagoga.
MITOS – Aline contou que autistas se definem como pessoas que fazem parte de uma peça de teatro, mas não têm o seu roteiro ou que não sabem distinguir se o que dissera de forma franca foi brusco e ofensivo para quem ouviu.
Adverte, no entanto, que tem muitos mitos em torno dos portadores, tais como: não gosta de afeto, não aprende, não olha nos olhos dos outros etc. E estes tabus têm que ser quebrados.
Sobre os direitos das crianças, a especialista contou que existem várias leis e normas sobre o assunto, garantindo acesso, participação e aprendizagem da criança autista na escola. Agora já começa a se falar sobre a permanência, porque a evasão era grande e a questionar os métodos de aprendizagem.
“Mas ninguém vai à casa da família do autista oferecer seus direitos”, advertiu. Citou que o autismo foi reconhecido como uma deficiência, logo tem os mesmos direitos dos demais deficientes. “Temos que brigar pelos direitos, se for o caso ir à Justiça, porque depois que uma porta se abre ela não se fecha mais”, comparou.
Ao final, Aline lançou mão do resultado de um trabalho para dizer que “o autismo faz parte da vida de algumas pessoas, mas não a definem”. Assim é preciso conhecer estas pessoas e procurar lhe dar melhor qualidade de vida.