Paranavaí enfrenta situação de médio risco em relação à dengue
Divulgado ontem, o resultado do Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (Lira) revela que Paranavaí enfrenta situação de médio risco em relação à dengue. O percentual subiu de 0,9 em julho para 3,6. Significa que as chances de uma epidemia da doença aumentaram quatro vezes.
A coleta de dados foi feita nos três primeiros dias desta semana pelos agentes de endemias, que visitaram 2.169 domicílios de todos os bairros da cidade: a cada 1.000 residências visitadas, 36 tinham focos de larvas.
Os agentes encontraram criadouros do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, em diferentes situações. O maior percentual está nos resíduos sólidos descartados irregularmente em terrenos baldios, por exemplo, pneus, recipientes plásticos, latas e entulhos de construção civil: 51,2%.
Os depósitos móveis nos quintais das casas representam 26,8% dos focos de larvas do mosquito. Entram nessa categoria vasos, frascos com água, garrafas retornáveis, bebedouros de animais, sanitários e canos sem uso e descobertos. Baldes e barris utilizados para captar água da chuva somam 18,3%.
INFESTAÇÃO POR BAIRRO – Os jardins Ouro Branco e Ouro Verde têm maior índice de infestação por Aedes aegypti, 4,5%. No Jardim Santos Dumont e na Vila Operária, são 4,1%. Distrito de Sumaré e Parque Industrial têm 3,2%. A região do Jardim São Jorge apresenta 2,9%. Na área central, 2,4%.
São considerados índices de baixo risco aqueles menores do que 1%, que é o percentual tido como tolerável pelo Ministério da Saúde. A partir daí até 3,9%, a classificação é de médio risco. Dos 4% em diante, a situação é de alto risco.
MOMENTO DE PREOCUPAÇÃO – Assessor da Vigilância em Saúde de Paranavaí, Randal Fadel Filho disse que o município corre sério risco de ter uma epidemia de dengue a qualquer momento. “Estamos perto da situação crítica. Esse resultado acendeu o sinal de alerta total”.
De acordo com ele, as condições são favoráveis para a rápida reprodução do mosquito. Além do alto índice de infestação, as chuvas têm sido frequentes e a temperatura está alta. Outra preocupação é a circulação viral: o último caso positivo de dengue foi registrado há aproximadamente duas semanas.
Na próxima terça-feira (13), o Comitê Municipal de Combate à Dengue se reunirá para avaliar o cenário atual. Formado por representantes de 32 entidades e instituições públicas e particulares, o grupo trabalha no sentido de definir ações efetivas de controle do Aedes aegypti.
Até lá, equipes da Vigilância em Saúde estão intensificando as visitas domiciliares, fazendo orientações aos moradores e eliminando focos de larvas do mosquito. Desde ontem, agentes de controle de endemias atuam no Jardim Santos Dumont, um dos mais problemáticos nesse sentido.
DESCARTE DE LIXO – Chefe de Vigilância em Saúde da 14ª Regional de Saúde, Walter Sordi Junior apontou a necessidade de maior fiscalização quanto ao descarte de lixo. Não somente em Paranavaí, mas em todos os municípios do Noroeste do Paraná. “É preciso adotar ações mais enérgicas”.
A preocupação é com o aumento de lixo jogado em terrenos baldios, marginais de vias públicas e fundos de vale, que representa mais da metade dos focos de larvas do Aedes aegypti encontrados durante o Lira em Paranavaí.
Sordi Junior levantou outra questão. Se em locais de domínio público, com fácil visibilidade, a situação está assim, “a gente deduz que nos quintais e nos fundos de lojas pode ser ainda pior”. Por isso, reiterou: “Quem fizer algo errado precisa ser penalizado”.
Na avaliação do assessor municipal da Vigilância em Saúde, Randal Fadel Filho, existem falhas no alcance do poder público quanto à fiscalização. No entanto, o maior problema está na falta de conscientização de moradores e empresários que fazem o descarte irregular de resíduos.
IMÓVEIS FECHADOS – Fadel Filho explicou que uma das grandes dificuldades encontradas pelos agentes de controle de endemias é entrar em imóveis à venda ou para alugar. Nesses casos, não conseguem fazer a vistoria e eliminar criadouros do Aedes aegypti.
Por isso, a ideia é responsabilizar os donos de imobiliárias que não permitirem que as equipes da Prefeitura de Paranavaí acessem esses locais. A medida deverá ser amparada por determinação do Ministério Público.
NÚMEROS DA DENGUE – De acordo com Fadel Filho, até a tarde de ontem a Vigilância em Saúde havia registrado 512 casos suspeitos de dengue em Paranavaí. Desse total, 29 foram confirmados e 444 tiveram resultados negativos. O restante ainda está sob análise laboratorial.