Morte na cadeia de Umuarama foi “anunciada” anonimamente à polícia
Uma denúncia anônima na manhã de terça-feira à Polícia Civil “anunciou” que um preso seria morto dentro da cadeia de Umuarama. A informação foi confirmada pelo delegado operacional da 7ª SDP, Thiago Soares, responsável pela investigação que apura as condições em que o detento Paulo Sérgio Sena, 40 anos, foi morto por seus companheiros de cela perto das 13 horas.
As informações são do portal Umuarama Ilustrado.
Segundo o delegado, após o recebimento da denúncia, a polícia notificou o Departamento Penitenciário do Estado (Depem) sobre a situação. Na denúncia, não se identificava o detento que sofreria o atentado. Apenas que um deveria ser morto. “A Polícia Militar foi acionada e começou as negociações”, afirmou Soares.
Segundo o capitão da PM William Silveira, que atuou como negociador, foram ao menos 2h30 de tratativas. “Os presos alegavam que o detento teria sido intimado para responder a um crime de estupro de vulnerável. Infelizmente quando conseguimos entrar o detento já estava morto”, relatou Silveira.
Segundo Silveira, ao menos 20 homens da Polícia Militar entraram na cadeia que abriga atualmente cerca de 260 presos. “Eles não ofereceram resistência. Foram para o solário. No local onde o crime ocorreu encontramos o detento com a corda no pescoço. O médico do Samu chegou a ser acionado, mas apenas constatou a morte”, explicou o militar. A corda artesanal é feita a partir de lençóis.
SEM ESTUPRO – Segundo o delegado Thiago Soares não há confirmação sobre a existência da acusação de estupro de vulnerável contra o preso. “O que temos é que ele estava preso desde o dia 13 de maio por tráfico de drogas. Não temos nada que indique que ele estaria respondendo pelo crime de estupro. Essa informação será apurada durante a investigação”, afirmou Soares.
Ainda segundo o delegado, a vítima não era considerada um preso de alta periculosidade. “Agora a equipe da investigação trabalha para identificar os autores e o mandante do crime”, afirmou Soares. Se identificados, devem responder por homicídio.
SEM LIGAÇÃO – O delegado também descartou a princípio qualquer ligação entre o homicídio registrado na terça-feira (18) com uma situação em que um preso afirmou ter se esfaqueado dentro da cadeia para fugir de uma ameaça de que seria ‘pego’ por outros detentos, ocorrida na semana anterior.
Soares salientou ainda que não se vislumbra ligação entre a situação de Umuarama com a rebelião iniciada em Cianorte, onde desde a manhã de terça-feira (18) os presos estão amotinados.
A FAMÍLIA – A reportagem do jornal Umuarama Ilustrado conversou com a esposa do preso morto. Emocionada, a mulher pediu para não ser identificada. Apenas disse que viu o marido com vida na semana anterior e que ele não estava sofrendo qualquer ameaça de morte. Disse ainda que ele deixa cinco filhos de uma relação anterior.