O adeus a Paulo César de Oliveira

“Vou te contar o que é que tem
Tem um rio que não para de partir
Pra levar a minha mágoa pra um lugar
Que só mesmo ele sabe onde vai dar”
(Casa da Ilha, autor Paulo César de Oliveira)

O corpo do artista paranavaiense Paulo César de Oliveira, 67 anos, foi sepultado ontem de manhã no cemitério central da cidade. Paulo César morreu após ter caído do barco quando pescava no Rio Paraná, em Porto Rico. O acidente aconteceu no final da manhã de quarta-feira da semana passada e o corpo foi encontrado no domingo, a cerca de 40 km de onde o músico pescava.
Às 9h desta segunda-feira, após ser velado por milhares de pessoas desde a noite anterior, amigos, familiares e admiradores conduziram o corpo em cortejo à sepultura. Poucos metros entre a capela Prever e o cemitério contrastavam com a sensação de eternidade do percurso.
Músicos de ontem, hoje e sempre, acompanhados solenemente por centenas de vozes ou pensamentos leigos, deram o tom pelo caminho até a última morada do líder e fundador do Grupo Gralha Azul.
Dentre as vozes (ontem entristecidas), estavam as de Beto Simões e Dorival Torrente, companheiros de Gralha Azul, amigos de primeira hora. Um singelo “vai com Deus, irmão”, dito por Torrente à beira da sepultura, conta muito do que foi essa união de mais de 40 décadas cantando as coisas do Paraná.
Coube ao sobrinho Cláudio Bem Bem de Oliveira se manifestar em nome da família. Também muito emocionado, agradeceu as manifestações de carinho e falou sobre o tio.
Nas palavras do sobrinho, Paulo César era um amigo, um cuidador sempre presente. Ao mesmo tempo, homem de posições firmes e que as manifestava quando o momento exigia. Sem contar o papo poético e os bordões que PC usava para resumir determinadas situações.
Sobre a famosa casa do rio, tão amada e cantada pelo músico, um destaque especial, já que fica como herança, local onde muitas vezes a família e os amigos se reuniram para as pescarias, música e a boa prosa.    
Por volta de 9h30, sob uma grande salva de palmas, Paulinho baixou à sepultura. Vai o homem, fica o trabalho de um servidor público respeitado (foi funcionário do Banco do Brasil e vereador por duas legislaturas – 1989 a 1996).
Fica, sobretudo, a admiração de todos que o conheceram; Fica a sua arte, em centenas de poesias musicadas, dezenas de peças teatrais encenadas, dirigidas ou apoiadas por PC. Paulo César ganha uma nova dimensão – a imortalidade; Paranavaí perde um cidadão de talento e ganha uma lembrança brilhante.  
OS FATOS – Paulo César de Oliveira sofreu acidente no final da manhã da última quarta-feira. Ele pescava em companhia de um irmão com o barco apoitado (parado) na área conhecida como IBC, em Porto Rico.
Em determinado momento, caiu na água ao verificar um cevador. Teria retirado o colete salva-vidas momentos antes. Segundo pessoas que o conheciam, Paulinho era cuidadoso com a segurança.
Ele foi visto já a cerca de dez metros da embarcação, quando boiou por cerca de mais cinco metros até afundar. Uma lancha estava perto e os ocupantes ainda tentaram ajudar.
Após o acidente, o Corpo de Bombeiros foi acionado e fez buscas mas não o encontrou. No domingo, pescadores informaram a localização do corpo na região do Porto 18, em Querência do Norte, a cerca de 40 km de onde houve a queda.    
O corpo foi resgatado pela equipe dos bombeiros e levado para perícia no IML (Instituto Médico Legal) de Paranavaí. Ainda não foi emitido o laudo, mas, preliminarmente, a causa da morte consta como afogamento. (Nestes casos sempre se cogita a possibilidade de a vítima ter passado mal).    
Durante as buscas, houve um pequeno acidente envolvendo a equipe de resgate. Um integrante do Corpo de Bombeiros teve uma lesão em um dos ouvidos durante mergulho e chegou a ser atendido na Santa Casa de Paranavaí. Ele se recupera já na residência e deverá ser atendido por um especialista.

ADEUS
Corpo estava na direção da famosa ilha
O corpo do músico Paulo César de Oliveira foi encontrado por pescadores, na área do Porto 18, em Querência do Norte, a cerca de 40 km de onde houve o acidente.
Nesta tragédia, um detalhe chamou a atenção: o corpo estava na direção da Ilha Itajaí, aquela onde há a famosa casa da ilha, citada em poesias e canções compostas e interpretadas por PC e sua trupe.
Cláudio Bem Bem de Oliveira, sobrinho da vítima, confirma a história e deixa os pontos de vista para interpretação de cada pessoa. Esclarece ainda que o local é ponto de reunião de familiares e amigos.