Doença preocupa a partir da volta do calor
Paranavaí e região vivem dias de temperaturas amenas e com chuva alternada, depois de um longo período de estiagem. Esse cenário contribuiu para uma queda no número de casos de dengue. No entanto, as precauções se voltam para os próximos meses, quando haverá aumento de temperatura e as chuvas devem ser mais constantes.
Desde a semana passada foram registrados na região apenas três casos suspeitos, elevando para 790 a atualização de notificações feita ontem à tarde pela 14ª Regional de Saúde de Paranavaí. O número de casos confirmados é de 50 desde a última semana.
Paranavaí, a maior cidade da região, lidera a incidência de pacientes com suspeita de dengue, 322. Destes, 20 pacientes tiveram a doença confirmada em exame pelo Lacen (Laboratório Central do Estado). Os demais foram descartados.
O chefe da Divisão de Epidemiologia da Regional, Valter Sordi Júnior, reitera as preocupações com a volta do calor e do período chuvoso. Cita que a infestação pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika vírus e febre chikungunya continua alta em diversos municípios.
Algumas cidades que tinham os maiores índices conseguiram reduzir. O problema é que ainda não é suficiente, pois se situam na casa de 3%, longe do aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de até 1%.
Sem contar que a estiagem e o frio tiveram reflexos diretos. Portanto, poderão subir rapidamente se houver as condições para o desenvolvimento (água e calor).
Cita o exemplo de Amaporã, que em outros tempos chegou a ter 12% de infestação. Depois, reduziu para 4,9% e recentemente nova queda, para 3,86%. Não significa calmaria e a situação pode fugir do controle em caso de chuva e calor, alerta.
A razão para esse possível descontrole é a falta de cuidados. O poder público deve fazer uma parte e a comunidade tem que assumir o seu papel. Eliminar qualquer recipiente que acumule água é essencial.
Sordi Júnior lamenta o comportamento de uma parcela da comunidade, que pouco ou nada faz na luta contra o Aedes. São lixões clandestinos que se formam rapidamente e jogam de tudo.
Nesta semana, por exemplo, a reportagem do Diário do Noroeste constatou lixo jogado na lateral da Rua João Bergamini, próximo ao Batalhão da Polícia Militar, cujo responsável teve mais trabalho para levar, ao invés de simplesmente separar em orgânico e reciclável para recolhimento nos dias de coleta dentro do serviço público.
O referido lixo saiu de um salão de beleza, pois havia quatro escovas de cabelo, suportes de secadores de cabelo, frascos de diversos cremes e uma papelada mal amassada, deixando um nome visível. É só mais um caso na lista de abusos que inclui até partes de mobília: sofás, cadeiras, colchões e outros objetos.
Um novo surto de dengue pode ter consequências graves, já que até a estrutura hospitalar disponível teria dificuldades para acomodar um grande número de pacientes. A Santa Casa de Paranavaí, por exemplo, vive dias de superlotação, operando além do limite em determinados momentos.
Ele analisa que um novo surto ainda não ocorreu por conta de que apenas o vírus Tipo 1 está em circulação e a maioria das pessoas tem imunidade porque já contraiu a doença no passado. Caso cheguem os vírus tipos 2 e 3 as consequências se agravam, uma vez que as pessoas não terão a proteção adequada.