O Brasil de braços abertos para a Matemática
RIO DE JANEIRO – O mais importante encontro mundial de matemáticos começou quarta-feira no Rio de Janeiro. Serão nove dias com 1.200 palestras, 574 sessões temáticas, 483 exibições de pôsteres e seis premiações. Os números impressionam até os pesquisadores da área.
Professores, estudantes de graduação, pós-graduação, pós-doutorandos e ex-alunos da USP estão entre os 2.500 pesquisadores dos cinco continentes que participarão do evento.
O encontro integra o Biênio da Matemática do Brasil e faz parte das ações destinadas, entre outros objetivos, a incentivar o estudo da disciplina, popularizá-la e promover atividades que contribuam para aproximá-la do público.
“No nosso dia a dia, na nossa cultura, na nossa comunicação de massa, a Matemática não aparece. Só a escola ensina Matemática e, muitas vezes, fracassa nisso porque as ideias são um pouco abstrata e podem parecer sem sentido para a criança. Mas quando ela começa a ter o contato em casa, na comunicação, essa familiaridade vai surgindo. Não ter a Matemática nas nossas vidas afeta o aprendizado escolar e até no gosto (ou falta de) pela Matemática”, disse Marcelo Viana, presidente do comitê organizador do encontro e diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa).
Viana destaca que a iniciativa de realizar o evento no Brasil é uma oportunidade de mostrar que a Matemática não se restringe a fazer contas, mas é uma ciência que permeia a vida de todos nós e nos ajuda a entender coisas que não entenderíamos de outro modo, além de ser uma forma de diversão e entretenimento.
“Se nós não fizermos essa popularização ninguém mais vai fazer. Ou pior ainda: outras pessoas não habilitadas vão fazer. Para termos um efeito de grande escala, também precisamos aprender a comunicar. Uma das dificuldades para nós, cientistas, é que somos treinados para falar uma linguagem técnica e não com o público”, destaca o diretor-geral.
Medalha Fields
No encontro mundial, são reconhecidos os matemáticos mais notáveis e promissores do planeta por meio de diversos prêmios, entre eles está a honraria máxima da área, a Medalha Fields – informalmente chamada de o “Nobel da Matemática”.
Os vencedores foram anunciados na quarta-feira: Caucher Birkar (Irã), Alessi Fegalli (Itália), Peter Scholze (Alemanha) e Akshay Venkatesh (Índia). Entregue pela primeira vez em 1936, a láurea é um reconhecimento a trabalhos de excelência e um estímulo a novas realizações.