Preço do boi deve seguir estável
O preço da arroba do boi deve permanecer estável pelo menos até o inverno, que marca também o começo da entressafra na atividade. A avaliação é do diretor de Bovinocultura de Corte da Sociedade Rural do Noroeste do Paraná, Reinaldo Cerqueira. Ele adverte, porém, que um fato novo de mercado pode provocar oscilações no curto prazo ou médio prazo.
A arroba do boi gordo está cotada a R$ 145,00 em Paranavaí, como informa o Deral (Departamento de Economia Rural), órgão da Secretaria de Estado da Agricultura. Vaca tem valor de venda fixado em R$ 135,00 por arroba.
Como lembra Cerqueira, o preço não varia desde o segundo semestre do ano passado. A última instabilidade foi verificada em março de 2017, com a Operação Carne Fraca, que investigou falhas na fiscalização em frigoríficos do país.
Por causa da operação, houve restrições na exportação, forçando quedas nos preços. A arroba do boi chegou a R$ 128,00 e da vaca a R$ 119,00.
Esse período de baixa antecedeu elevações constantes, com o preço chegando a R$ 165,00 em 2016, impulsionado por causa da maior procura para exportação e também no mercado interno.
Passada a crise inicial da Carne Fraca, no primeiro semestre do ano de 2016 (com retomada das exportações), o preço (de R$ 128,00) voltou a subir, até se estabilizar em R$ 145,00, o que remunera o produtor com uma pequena margem, analisa. O valor da terra e do arrendamento é um dos itens que pesam na formação do custo.
Um problema apontado pelo líder ruralista é que o preço teve reajuste para o consumidor quando da retomada, majorando 15%. No entanto, não caiu quando da crise de preços provocada pelo abalo da credibilidade e pelo menor volume de exportação. “Não houve reduções no varejo”, reitera, citando que os preços dependem do setor de distribuição. Não dependem, portanto, do produtor ou do comerciante de varejo (açougues etc.).
Ainda em relação às exportações, Cerqueira entende que o cenário atual aponta para menor consumo interno (embora com certo aquecimento da economia) e prioridade para o mercado exterior, por causa da valorização do dólar. O mundo precisa de proteína animal e o Brasil é uma referência, cita, lembrando ainda a importância da suinocultura e da avicultura.
Cerqueira destaca o fato de que os produtores estão mais atentos ao mercado, controlando, na medida do possível, o volume de oferta. Na mesma linha, o número de confinamentos de animais caiu recentemente, com a crise de preços baixos. Isso ajuda a equilibrar a oferta. Também os frigoríficos estão trabalhando com compras para períodos curtos, a chamada formação da escala para abates.
Mesmo sem números atualizados, Reinaldo Cerqueira lembra que a área destinada à pecuária foi reduzida nas últimas décadas, perdendo espaço para cana de açúcar e outras atividades. Ainda assim, o rebanho é de cerca de 1,9 milhão de cabeças, o segundo maior do Estado. É uma das mais importantes cadeias produtivas locais.
VACINA – Paranavaí engrossa o movimento estadual de sociedades rurais que vê com preocupação a imediata mudança para área livre de aftosa sem vacinação. Isso porque a falta da vacina limitaria a participação dor rebanho paranaense em outros estados que continuam vacinando.
Pela regra sanitária, o rebanho de outros estados estaria impedido de entrar no Paraná. Significa que, uma vez definida a regra de livre de aftosa sem vacinação, o gado de exposição não poderia voltar ao Paraná quando sair para as participações.
Devido a esse fato, as entidades defendem que o fim da vacinação seja feita de forma ordenada, englobando número maior de estados. Atualmente Santa Catarina não vacina, o que impede o trânsito de rebanho dos outros estados por terra catarinenses.
O Paraná desenvolve nos últimos anos uma política que visa a acabar com a vacinação e mudar o status internacional para área livre de aftosa sem vacinação. A confiança é de que a nova condição ofereça novos mercados e, portanto, mais competitividade para a carne paranaense.