Semana termina com tonelada de mandioca a quase R$ 700,00

Reajustes praticamente diários. Foi o que se viu na cultura da mandioca durante a semana na região de Paranavaí.
A tonelada chegou a ser comercializada a R$ 696,00, conforme cotação do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura, Núcleo Paranavaí. O preço leva em conta o teor de amido, neste caso, chamado padrão 580.
O preço máximo verificado há dez dias era de pouco mais de R$ 660,00, já considerado elevado. A disparada nos preços tem razões no campo. A primeira delas é a falta de mandioca para colheita, a segunda é que o produtor concentrou esforços no plantio, retomado com a volta da chuva em setembro, depois de estiagem de quase dois meses.
É a lei da oferta e da procura, como sintetiza o diretor da Podium Alimentos, Maurício Gehlen. Ele explica que os estoques de fécula estão baixos.
Com isso, as indústrias buscam matéria-prima, objetivando atender os compromissos comerciais assumidos. Aponta majorações de até 40% no preço da raiz colocada na indústria nos últimos 30 dias.
FÉCULA – A situação provoca elevações nos preços da fécula. Em 2015, por exemplo, o preço para exportação da tonelada chegava a 415 dólares. Hoje a importação da mesma tonelada chega a 900 dólares para produto colocado no Brasil. Sem contar o problema dos prazos. Importar da Tailândia pode demorar até 90 dias, enquanto que do Paraguai o produto não chega antes de 20 dias.
E os preços poderiam estar ainda mais elevados, caso o mercado de farinha estivesse aquecido. Gehlen avalia que o mercado está sujeito a condições internas. A região Nordeste do país voltou a produzir raiz de mandioca depois de longo período de estiagem. De certa forma, isso ajudou a regular o mercado.
O cenário traçado até aqui leva a pelo menos duas consequências: a capacidade ociosa nas indústrias e redução drástica dos estoques. Hoje a indústria opera com cerca de 50% da sua capacidade instalada. Algumas empresa interromperam a produção, detalha.
O industrial diz que o estoque regulador (chamado estoque de passagem) já foi de 120 mil toneladas e hoje está inferior a 40 mil toneladas. Numa análise geral, também o estoque estratégico das empresas está em baixa. Este montante é desconhecido, pois faz parte da política de cada indústria.
EMPREGOS – Outro item importante dessa delicada cadeia é o número de empregos. Maurício Gehlen entende que há reflexos no campo, compensados em parte pelo fato de que muitos produtores mantêm seus colaboradores registrados em Carteira.
Isso gera alguns arranjos para evitar rescisões se a interrupção da atividade for temporária. Na indústria, cenário idêntico. Por enquanto, há remanejamentos, tais como antecipação de férias.     
Por fim, o empresário demonstra outra preocupação: a incidência de lagarta no campo. O fenômeno se repete anualmente mais para o final do ano. Porém, devido a condições climáticas, antecipou neste ano, podendo refletir na produção e na produtividade. A remuneração do produtor rural passa pela produtividade e teor de amido.  

REPLANTIO
Em entrevista concedida na edição de 17 de outubro, o presidente da Associação dos Produtores de Mandioca do Paraná (Aproman), Francisco Abrunhoza, manifestou preocupação com a falta de rama para o replantio da mandioca. A cultura foi afetada pela seca e, cálculos iniciais apontavam que até 40% da área precisaria ser replantada.
Isto fez disparar o preço da rama, ficando entre R$ 100,00 e R$ 150,00 o metro. São necessários dez metros para o plantio de um alqueire. Em todo o Paraná são cerca de 110 mil hectares, sendo 26 mil previstos para a região de Paranavaí (safra 2018). Na safra 2017 o Extremo-Noroeste tem área de pouco mais de 30 mil hectares com mandioca.