Movimento quer que Paraná seja declarado Estado livre de febre aftosa sem vacinação

Pecuaristas do Paraná iniciaram um movimento para que o Estado seja declarado livre da febre aftosa sem vacinação. A ideia é antecipar em três anos este status, que vai gerar uma economia neste período de pelo menos R$ 90 milhões ao setor, além de abrir possibilidades de ganhos, com novos negócios e melhor remuneração da produção.
A informação é do veterinário e pecuarista Carlos Costa Júnior, representante do Sindicato Rural de Paranavaí na Comissão de Bovinocultura de Corte da Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), lembrando que a entidade já entregou ao governador Beto Richa documento defendendo esta necessidade. O movimento é liderado pela Federação e Sistema Ocepar. O Núcleo dos Médicos Veterinários de Paranavaí apoia o movimento.
O Paraná, embora ocupe apenas 2,3% do território nacional é o maior produtor de proteína animal do Brasil (carne bovina, suína e de frango). O Estado não registra a circulação viral da aftosa há 23 anos. O último caso da doença foi registrado em 2005 (Paraná e Mato Grosso do Sul), sem circulação viral. Na avaliação de Costa, a ausência do vírus no Estado há tanto tempo dá segurança para que o Paraná seja declarado livre da aftosa sem vacinação.
ECONOMIA – De acordo com o veterinário Carlos Costa Júnior, este novo status, que vem sendo perseguido há anos pelo setor, deve gerar vantagens econômicas à atividade. Ele estima que, considerando os custos diretos de vacinação, manejo (que provoca stress e perda de peso) e da perda de produtividade com o descarte da porção da carne comprometida com a lesão que a vacina provoca no local de aplicação (abscesso da vacina), deve gerar uma economia de R$ 30 milhões por ano.
Com a declaração de área livre sem vacinação fica proibida a entrada no Estado de animais vacinados. Entretanto, segundo ele, dados oficiais dos últimos anos, apontam que a diferença entre entrada e saída de bovinos no Paraná, representa um déficit de menos de 1% do rebanho do Estado estimado em 9,5 milhões de animais.
Além disso, o fim da imunização tem reflexo em todos os setores, inclusive na produção agrícola, segundo explica Carlos Costa Júnior. Conta que com esse status o mercado mundial começa a ver o Paraná como um Estado que tem um sistema sanitário robusto e confiável, pronto a dar respostas rápidas num caso de emergência. Por isso, vai valorizar e remunerar melhor a produção agropecuária do Paraná, como acontece hoje com Santa Catarina, único estado com status de área livre sem vacinação, que tem conquistados os mercados mais exigentes do mundo para comprar carne.
PASSO A PASSO – O veterinário enfatiza que o Governo do Paraná vem tomando providências já há algum tempo para conseguir o fim da obrigatoriedade de vacinação contra aftosa.
Como exemplos, cita o georreferenciamento de 100% das propriedades produtoras de bovinos, suínos e frangos, contratação de mais técnicos e a implementação de controle do trânsito nas divisas do Estado, por meio de reforma e construção de postos fiscais.
Costa Júnior informa que para receber o status de Estado livre da febre aftosa sem imunização o Estado precisa cumprir normas nacionais impostas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e internacionais determinadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Basicamente, primeiro é feita uma auditoria no Estado pelo MAPA, o que deve acontecer no começo de 2018, já que o Paraná já requereu a vistoria. Aprovado na auditoria, o Estado pode solicitar ao Ministério para realizar em maio a última vacinação. Dali um ano o MAPA volta ao Estado faz a sorologia para confirmar o status e se estiver dentro dos padrões reconhece o Paraná como livre da aftosa sem vacinação e comunica a OIE, que faz uma análise das informações e em maio de 2020, dois anos após a última campanha pode declarar o Estado como área livre sem vacinação.
ANTECIPAÇÃO – Este processo está sendo perseguido pelo Brasil que criou o Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA). Por este plano a meta do MAPA é conquistar o status, que é uma luta de muitos anos do setor, em 2023. Ou seja, suspender a vacinação em 2021 e conseguir a declaração dois anos depois.
“A proposta do poder público, da FAEP e das demais entidades que participam deste movimento, é antecipar este status para o Paraná em três anos. Ficaríamos três anos à frente na busca de novos mercados e se consolidando nos já existentes, além de uma economia considerável neste período de cerca de R$ 90 milhões”, sustenta Carlos Costa Júnior.