Cerveja desenvolvida em Paranavaí substitui malte por bagaço de mandioca
O Instituto Federal do Paraná (IFPR), campus de Paranavaí, apresentou ontem a cerveja artesanal que substitui parte do malte por bagaço de mandioca, produto criado a partir de pesquisas feitas por professores e estudantes da instituição no ano de 2016.
Um evento público marcou o lançamento oficial do pedido de patente, o primeiro do campus Paranavaí desde a sua inauguração em 2010.
O bagaço em questão é o resíduo da industrialização da fécula de mandioca seca. A professora Suellen Jensen Klososki explica que o bagaço mantém teor importante de amido, mas sem viabilidade econômica de extração pela indústria feculeira.
Ocorre que é possível obter a chamada extração enzimática a partir da combinação do bagaço com o malte. Uma das vantagens é que a cerveja com uso do bagaço reduz o custo final do produto em 10%, tomando por referência uma cerveja comum. Um dos pontos importantes de qualquer pesquisa é sua viabilidade econômica.
A cerveja artesanal desenvolvida no campus tem teor alcóolico de 10%, contra uma média de 4,5% da maioria das cervejas comuns. Trata-se de uma cerveja mais forte e de gosto marcante, para apreciadores desse tipo de produto (chamada Cerveja Gourmet). Houve degustação no evento.
PRODUÇÃO – Com menor custo e qualidade destacada, a expectativa é produzir em breve a cerveja, o que deve ser feito por uma empresa privada. Diretor de Inovação do IFPR, lotado em Curitiba, Cleber Serafin aposta no sucesso do novo produto. A cereja será exposta em eventos, um deles, o Seminário Mercosul de Bebidas, que acontece no mês de novembro em Cascavel.
Uma vez feito o acordo com a empresa produtora, o valor arrecadado deve ser dividido em três partes iguais: uma para o laboratório da instituição, uma para os inventores e um para a universidade estimular novos projetos de pesquisa. O valor oscila de acordo com a produção e potencial de mercado.
Por ocasião do lançamento, além de Suellen Klososki, também receberam o certificado de inventores os professores Carlos Eduardo Barão, Tatiana Colombo Pimentel e Rosimeire Carvalho da Silva. Também inventores, os estudantes José Vítor de Carvalho Silva (estudante de graduação em Química) e Láisa Letícia Machado dos Santos (do curso Técnico em Agroindústria Integrado ao Ensino Médio) foram certificados.
Os inovadores destacaram a importância da pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos, bem como a necessidade de apoio para o desenvolvimento da ideia. No caso da cerveja, o desenvolvimento foi viabilizado pela parceria com o Centro Tecnológico da Mandioca – Cetem – e Pódium Alimentos, que cedeu a matéria-prima e custeou participações em eventos. O diretor da Podiun, Ivo Pierin Júnior, lembrou que grandes ideias encontram aplicabilidade na pesquisa. Por isso, a importância desse e de outros trabalhos.
Reitor informa fala R$ 40 mi para investimento no IFPR
O reitor pro tempore do IFPR, Odacir Antonio Zanatta, falou da importância do momento. Destaca que é o sexto pedido de registro dentre todos os campi.
Zanatta lembrou ainda que é um passo fundamental para aproximar o instituto da comunidade. A ideia se torna um produto e passa a ter função prática, relata.
O reitor aproveitou para informar que nesta semana a bancada de deputados federais do Paraná garantiu uma emenda de R$ 40 milhões para investimento no IFPR. Recursos para infraestrutura, ou seja, para obras, laboratórios e outros.
Durante o evento, lideranças do IFPR reforçaram a importância da pesquisa para que a instituição seja mais do que repassadora de conhecimento. Pelo contrário, como atestam, o IFPR é desenvolvedor de conhecimento através das suas pesquisas.
O diretor do campus Paranavaí, José Barbosa Dias Júnior, opina que o projeto ganha ainda mais relevância por ser desenvolvido em Paranavaí, dando destinação para um subproduto (bagaço), de baixo valor. A pesquisa dando respostas práticas, finaliza.
O vereador Carlos Alberto João representou o Poder Legislativo. Professor da rede pública estadual, ele reforçou a necessidade de investimento em educação. Não há desenvolvimento sem educação, ponderou, concluindo que é impossível imaginar Paranavaí sem o IFPR, uma conquista de toda a região.