Ex-paranavaiense, um dos heróis da Carretera Panamericana

(parte 1)
Muitos paranavaienses certamente conheceram o mecânico Giuseppe Mário Fava, que tinha uma oficina nas proximidades da atual concessionária Volkswagen, em Paranavaí, na década de 70, e o irmão uma borracharia.
Mas poucos devem conhecer a sua história de heroísmo, ao lado de outros dois companheiros, enaltecida até pelo inventor dos veículos Ford, o industrial Henry Ford.
O trio de heróis foi homenageado até pelo presidente Franklin Delano Roosevelt, dos Estados Unidos, por Getúlio Vargas, do Brasil, e recentemente post mortem pelo presidente Michel Temer.
Pois é. No domingo passado (24/09), a Rede Record apresentou no programa Domingo Espetacular uma reportagem em que focalizou a grande aventura realizada no início do século passado por três jovens idealistas (Fava tinha então 21 anos de idade).
A reportagem da Record entrevistou o empresário e escritor Beto Braga, que escreveu o livro “O Brasil através das três Américas”, com base no diário da histórica façanha.
Paranavaienses que assistiram ao programa e que conheceram Mário Fava – como Fernando Simonetti – se emocionaram e trouxeram algumas informações ao Diário do Noroeste.
A história dos três pioneiros é realmente empolgante, mas nunca chegou a ser reconhecida como deveria e mesmo quando residiu em Paranavaí, Fava certamente pouco foi ouvido sobre sua extraordinária aventura.
O roteiro da viagem tinha a ideia de lançar uma rodovia ligando as três Américas em uma época em que o automóvel era novidade. A viagem durou dez anos e a equipe do Domingo Espetacular da Rede Record mostrou quem foram os pioneiros dessa aventura e a luta para colocar a façanha na história do Brasil.
A jornalista Luciana Garbin, em “A aventura desconhecida de três brasileiros pelas Américas”, produziu uma série de reportagens para o jornal O Estado de S. Paulo.
Também como copatrocinador da viagem que visava ajudar a fazer o desenho da rodovia Transamericana, o jornal O Globo do Rio registrou a viagem, na época. Um dos carros foi patrocinado pelo Jornal do Comércio de S. Paulo.
Entre 1928 e 1938, os três brasileiros desbravaram 27.631 quilômetros de estradas, picadas, matas, rios e riachos de 15 países nas três Américas, incluindo a Cordilheira dos Andes e a Floresta Amazônica.
Em dois Fords T, Leônidas Borges de Oliveira, Francisco Lopes da Cruz e Giuseppe Mario Fava foram do Rio de Janeiro a Nova York com uma missão: fazer o projeto para a Estrada Pan-Americana.
Boa parte do caminho foi aberta a pás, picaretas e bananas de dinamite. Pelas cidades, os expedicionários eram tratados como visitas ilustres.
Nos Estados Unidos, ponto final da expedição, foram recebidos pelo então presidente Franklin Delano Roosevelt na Casa Branca, reuniram-se com o lendário Henry Ford, em Detroit, e receberam permissão para dirigir pelos Estados Unidos do “intocável” Eliot Ness, o homem que prendeu o lendário mafioso Al Capone.

EX-PARANAVAIENSE MÁRIO FAVA – Depois da viagem que durou dez anos, Mário Fava retornou com os companheiros ao Brasil e na década de 50 foi para o local da futura capital brasileira em Goiás – Brasília – onde ajudou a fazer as primeiras patrolagens, pilotando um trator de esteira. Seus pais e irmãos disseram que ele viajou depois para o interior do Paraná. Na verdade, veio para Paranavaí onde já morava seu irmão.
Giuseppe Mário Fava nasceu em Bariri, em 1907, filho de imigrantes italianos. Habilidoso mecânico, em 1928 viveu a grande aventura integrando a equipe da Expedição Brasileira para a construção da estrada que interligaria as três Américas: a Carretera Panamericana em citação espanhola.
Seu conhecimento como mecânico foi ponto determinante para o sucesso da viagem. Ajudou a abrir a estrada Belém-Brasília e a fundar várias cidades no estado de Goiás.
Em fins da década de 60 foi o pioneiro no ramo de recauchutagem de pneus na cidade de Paranavaí, no Paraná, como diz sua biografia divulgada em Barueri por ocasião da inauguração do Museu Histórico de Barueri Mário Fava e o Centro de Educação Cultural e de Exposição Mário Fava. Faleceu no dia 10 de janeiro de 2000, com 93 anos, em uma visita à cidade do Rio de Janeiro.
Esta espetacular história foi contada em dois livros: “Eu não sabia que era tão longe”, do escritor baririense Osni Ferrari e “O Brasil Através das Três Américas”, do escritor Beto Braga. As obras encontram-se disponíveis na Biblioteca Municipal de Barueri para leitura e retirada. (Texto: SB)
(Na próxima edição – Missão: elaborar traçado da Rodovia Pan-Americana).