Produtor corre para fazer o plantio de mandioca

Após a longa estiagem, que comprometeu também a colheita, produtores de toda a região correm para fazer o plantio de mandioca para a próxima safra. O plantio ficou comprometido nos últimos meses por conta de quase 60 dias sem chuva.
Mesmo com a retomada, haverá quebra na área total de mandioca para a próxima safra, analisa Francisco Abrunhoza, presidente da Associação dos Produtores de Mandioca (Aproman).
De 140 mil hectares, a área total deve recuar para algo em torno de R$ 100 mil hectares, levando em conta os três principais estados produtores – Paraná – São Paulo e Mato Grosso do Sul. O Paraná é o maior produtor e deve concentrar atualmente cerca de 80% da fécula no país, calcula.
Além do plantio, há áreas de replantio, isso porque a seca comprometeu parte do que já estava na terra.
O presidente da Aproman cita ainda que a estiagem impediu a aplicação de alguns herbicidas pré-emergentes, isto é, aplicados quando a erva daninha ainda não cresceu. A indicação é que seja feito em solo úmido.
Enquanto se preocupa com a safra do próximo ano, o produtor também está retomando a colheita de forma mais intensa, igualmente comprometida por causa da longa estiagem. Ainda há cerca de 40% da área total de janeiro a ser colhida.
De acordo com Abrunhoza, as indústrias de transformação estão trabalhando com cerca de metade da capacidade de produção. O preço continua estável, comenta, hoje na casa de R$ 600,00 a tonelada, informa.
Segundo dados do Deral – Departamento de Economia – os preços médios variam de R$ 522,00 a R$ 556,00 a tonelada.
Para o líder ruralista, o preço representa um equilíbrio, bom para a indústria e para o produtor. Ele entende que deve permanecer desta forma pelo menos até a próxima safra, justamente por conta do menor volume plantado.  
REIVINDICAÇÃO – A Aproman também está fazendo intervenções no âmbito da política em favor da classe, cita o presidente. Francisco Abrunhoza lamenta a recente invasão por parte de sem-terra de uma propriedade em Alto Paraíso (Fazenda Lupus – a cerca de 70 km de Umuarama), já com mandado de reintegração de posse.
Ele comenta que parte da fazenda, 250 alqueires, é arrendada para a mandioca, aglutinando dez produtores. Outra parte do lote é utilizada por um agricultor, totalizando mais 100 alqueires.
Mesmo assim, houve a ocupação e os agricultores não conseguem fazer os tratos culturais. Ele entende que a fazenda é produtiva, pois, além da mandioca, tem gado e outras atividades, dentre elas, uma indústria de fécula.
Além disso, prossegue, houve mandado de reintegração de posse expedido pelo Poder Judiciário e ainda não cumprido. Para solicitar tal cumprimento, a Associação e outras lideranças devem reivindicar o uso da Força Nacional para a desocupação. Nos próximos dias haverá reunião em Brasília para tratar do tema.
A fazenda tem área total de 1.185 alqueires e gera cerca de 200 empregos diretos, como divulgou a empresa proprietária. A ocupação por parte dos sem-terra foi dia 25 do mês passado. O MST informou na época que cerca de 1.200 pessoas entraram na propriedade.
A Associação possui cerca de três mil integrantes. No entanto, a maioria não está atuante. Abrunhoza ilustra que apenas poucas dezenas contribuem para manter a entidade e os trabalhos de defesa da classe. Adverte que se não houver trabalho ininterrupto, mais uma vez os produtores estarão vulneráveis a novas eventuais crises.