Presidente da Feira da Lua reclama da falta de condições para os produtores trabalharem
Sem espaço físico e equipamentos adequados para trabalhar, muitos produtores de Paranavaí deixaram de participar da Feira da Lua, nas noites de sexta-feira. Realizada na Praça dos Pioneiros, chegou a reunir mais de 50 feirantes. Atualmente, o número é menor do que 10.
O presidente da Feira da Lua, Severino Francelino Ferreira, explicou o que motivou a saída de tantos participantes. Não há instalação elétrica, o acesso ao espaço em que ficavam foi fechado, os banheiros não podem ser utilizados. “Todo mundo foi desanimando”, disse.
A tradicional feira livre reunia produtores de diferentes partes da cidade. A grande quantidade de integrantes garantia diversificação: legumes, verduras, frutas, pães, conservas, embutidos e ampla praça de alimentação, com opções para os mais diferentes paladares, como pastéis, espetinhos, comidas orientais e outras iguarias.
Com as mudanças que resultaram das obras de revitalização da Praça dos Pioneiros, o espaço destinado à Feira da Lua ficou limitado. A quadra esportiva que era utilizada para a área de alimentação não está mais aberta para a entrada dos feirantes.
Sem as barracas de comidas, muitos moradores que iam até lá para fazer a refeição de sexta-feira à noite deixaram de frequentar. O movimento caiu bruscamente, e quem ainda não deixou de participar está pensando em desistir, conforme afirmou o presidente da Feira da Lua.
Ferreira disse que se sente incomodado com a situação. “É uma tradição que está acabando”. Mas esse não é o único problema. A feira livre é fonte de renda para os produtores, mas as vendas reduziram pela metade. Na barraca do presidente, que antes empregava oitos pessoas, apenas quatro estão trabalhando atualmente, graças à queda no movimento.
Feirante há 40 anos, dos quais 15 são como participante da Feira da Lua, Ferreira disse que durante todo esse tempo houve dificuldades para os produtores. Mas nunca a situação foi tão ruim como a vivenciada nos últimos meses.
Segundo o engenheiro agrônomo Walther Barbosa de Camargo Neto, diretor municipal de Fomento Agrícola, um projeto de lei que estabelece normas para a revitalização das feiras livres de Paranavaí está sendo analisado pela equipe jurídica. O objetivo do texto é incentivar, dar assistência e promover visitas técnicas aos produtores.
O projeto de lei também estipula a padronização das barracas e dos espaços utilizados pelos feirantes, determina dias e horários para o funcionamento das feiras livres e impõe diretrizes para a fiscalização. A avaliação de Camargo Neto é que as mudanças fortalecerão o trabalho dos produtores.
O diretor de Fomento Agrícola considerou as feiras livres como instrumentos de incentivo à agricultura familiar e à movimentação da economia local. Disse, também, que são oportunidades para a comercialização de produtos orgânicos e para a participação de quem não tem espaço em grandes mercados.
Por isso, ele garantiu que tem pressa para resolver os problemas e retomar a Feira da Lua da mesma forma como era antes, além de fortalecer todas as feiras livres de Paranavaí. Isso depende, agora, dos trâmites legais para a conclusão do projeto de lei.