Falta de equipamentos de acessibilidade prejudica pessoas com deficiência
O pequeno buraco na via pública, a irregularidade na calçada, a guia rebaixada em desnível com relação ao asfalto, a rampa inclinada demais. Para muitos, essas são pequenas situações do dia a dia. Para as pessoas com deficiência, grandes obstáculos.
Em Paranavaí, as questões de acessibilidade esbarram na falta de investimentos por parte do poder público, no descaso de uma parcela significativa da classe empresarial, na falta de conscientização da população.
A presidente da Associação de Pessoas com Deficiência de Paranavaí, Marci Maria Paltanin, aceitou o convite feito pela equipe do Diário do Noroeste: mostrar os principais problemas que as pessoas com deficiência enfrentam no centro da cidade.
Começa com a escassez de vagas exclusivas. “Sempre tenho dificuldades”, afirma Marci. De acordo com ela, muitas vezes esses espaços são ocupados por veículos de pessoas que não têm deficiência. “Quem não tem adesivo ou carteirinha, não deveria estacionar nessas vagas”.
A sugestão da presidente é intensificar a fiscalização e a punição a quem estaciona irregularmente nos locais delimitados como exclusivos para pessoas com deficiência. “Falta multar esses motoristas”.
Marci revela que já passou por situações de constrangimento. “Uma vez, falei para um motorista que precisava estacionar naquela vaga, porque era exclusiva. Ele trancou o carro, mostrou a chave e disse: ‘Pode tirar daqui, se quiser’. Depois, saiu rindo”.
A falta de respeito se manifesta de diferentes maneiras. “Muitas calçadas são inadequadas para o cadeirante ou para quem anda de bengala”. Na opinião de Marci, é preciso que providências sejam tomadas o mais rapidamente possível.
O desnível dos passeios públicos, as rampas irregulares, os buracos, as muretinhas que cercam árvores, a sinalização inconstante. Tudo isso prejudica quem tem algum tipo de dificuldade de locomoção.
Segundo a presidente da Associação de Pessoas com Deficiência de Paranavaí, há quem evite sair de casa, porque sempre se depara com equipamentos precários de acessibilidade. “Tem gente que não consegue andar aqui no centro sem ajuda”.
DEBATE – Recentemente, Paranavaí sediou um encontro que colocou o assunto em debate. O Fórum de Acessibilidade do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) foi realizado no dia 9 de junho.
O evento reuniu representantes do poder público, profissionais de engenharia e integrantes de associações que assistem pessoas com deficiência. Na ocasião, o presidente da Comissão de Acessibilidade do Crea-PR, Sergio Yamawaki, avaliou a situação de Paranavaí como alarmante.
De acordo com ele, os obstáculos são muitos. Calçadas em condições inadequadas, tocos de árvores, falta de guias rebaixadas, espaço insuficiente para a passagem de pessoas, só para citar algumas situações.
A promotora Susy Mara de Oliveira também se manifestou durante o Fórum de Acessibilidade. Ela argumentou que a inclusão social dos indivíduos não é possível se não tiverem condições de ir e vir. A falta de acessibilidade é excludente.
PREFEITURA
Durante a semana, a equipe do DN tentou contatar o secretário de Desenvolvimento Urbano, Darlan Alves Pereira, para saber que projetos a Administração Municipal tem no sentido de ampliar os equipamentos de acessibilidade. No entanto, ele não foi encontrado e não retornou as ligações.