Câmara encerra sessão após anúncio de reforço na segurança da Esplanada
BRASÍLIA (Abr) – A informação de que o governo autorizou o uso das Forças Armadas para reforçar a segurança durante a manifestação na Esplanada dos Ministérios gerou tumulto, ontem, no plenário da Câmara dos Deputados.
Houve bate-boca e empurra-empurra entre parlamentares governistas e oposicionistas. A sessão foi suspensa, retomada e novamente paralisada.
Uma reunião emergencial de líderes partidários foi convocada para ontem à noite pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para debater a situação política no país.
Antes da suspensão dos trabalhos, o plenário discutia a Medida Provisória 767/17, que aumenta as carências para concessão de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e salário-maternidade, no caso de o segurado perder essa condição junto ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS) e retomá-la posteriormente.
Os deputados já questionavam a ação da Polícia Militar (PM) no protesto na Esplanada e pediam a realização de uma reunião do colégio de líderes, quando a notícia da autorização do uso de tropas federais repercutiu no plenário.
A decisão do Planalto foi tomada a pedido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), após o acirramento do confronto entre a PM e os manifestantes. Os prédios dos ministérios foram evacuados e houve princípio de incêndio no da Agricultura.
Ao informar sobre a decisão, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que a medida foi necessária porque a marcha Ocupa Brasília, “prevista como pacífica, degringolou para a violência, desrespeito, ameaça às pessoas”.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Defesa, a atuação das Forças Armadas vai se restringir à área dos prédios dos ministérios e palácios e não incluirá o gramado da Esplanada. Ainda não há um efetivo confirmado.
Deputado diz a manifestação foi “brutalmente atacada por forças policiais”
Deputados de oposição ocuparam a Mesa Diretora da Câmara erguendo uma faixa com os dizeres “Fora Temer” e pediam, em coro, a saída do presidente da República e eleições diretas.
A oposição cobrou o encerramento da segunda sessão extraordinária por conta do tumulto que tomou conta da Esplanada dos Ministérios, onde houve enfrentamento entre manifestantes do movimento #ocupabrasília e policiais militares do Distrito Federal.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que uma manifestação, até então pacífica pela saída do presidente Michel Temer e por eleições diretas, foi “brutalmente atacada por forças policiais”.
“Vários parlamentares que estavam no carro de som principal foram atingidos. Uma bomba foi jogada sobre o carro para intimidar lideranças sindicais”, disse Silva, cobrando de Manato o encerramento dos trabalhos.
A deputada Jandira Feghali também criticou a ação da polícia. “Tinha um aparato policial que eu nunca vi. Jogaram bomba no rosto de parlamentares, havia deputado passando mal, senadora passando mal”, contou Feghali também pedindo o fim da sessão.
O líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), insistiu. “Eu, para chegar aqui, levei uma hora, entupido de gás nos meus olhos. Cancelemos isso aqui agora. Tem vários parlamentares sendo atendidos. A decência nos manda [encerrar a sessão]”, disse Guimarães.
O líder do PP, deputado Arthur Lira (AL), por sua vez, defendeu a posição de Manato e rebateu o líder da Minoria. “Eu ouvi do deputado André Figueiredo que 330 black blocks infiltrados começaram a confusão atirando pedra na polícia. E a polícia tem que se defender e defender a integridade de todos que fazem manifestação”, disse Lira, que ainda acusou Guimarães de mentir.
“E aqui vem o Zé Guimarães, com toda a eloquência, mentir sobre o que ocorre lá fora. Prendam-se os black blocks e mantenham a integridade física dos parlamentares”, disse. (Reportagem: Murilo Souza, da Agência Câmara)