Alimento para o inverno

A chegada do inverno, no dia 21 de junho, traz um desafio a mais para os pecuaristas do Estado. Com o clima frio e úmido, as áreas de pastagem tropical acabam sofrendo certa deterioração, em função da interrupção do crescimento, gerando o famoso “vazio forrageiro”, e exigindo uma alternativa para a alimentação dos animais, sem onerar de forma significativa o custo de produção.
Grande parte dos pecuaristas paranaenses, das atividades leiteira e de corte, aposta na silagem como forma de conservar a forragem para alimentação dos animais ao longo dos meses de inverno.
“O produtor precisa estar à frente da situação, até para não ficar refém dos preços das commodities. Além da importância dentro da propriedade, a silagem é fundamental para a cadeia produtiva, pois dá sequência ao desenvolvimento dos animais e garante alimento de qualidade o ano inteiro para a população”, explica Valter Harry Bumbieris Junior, professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Londrina (Uel).
A decisão de qual planta deve ser utilizada para silagem depende de uma série de fatores, como região, clima, custo de produção e valor nutritivo. As mais tradicionais são milho, sorgo, cana-de-açúcar, aveia e mandioca. “Acaba que a questão climática ajuda a definir.
Tem também o fator solo”, ressalta Bumbieris.
Há dois anos, após um período utilizando a cana-de-açúcar para silagem, o pecuarista Dourvan Westphal, de Cidade Gaúcha, no Noroeste do Paraná, optou por apostar no consórcio entre sorgo e capim Mombaça.
A forragem atual tem permitido uma economia financeira, além de atender de forma completa o sistema biológico do rebanho de 670 cabeças. Nesta safra foram dedicados cerca de 20 hectares ao consórcio.
“Apesar de ser a melhor, a silagem de milho tem um custo mais alto. A de cana precisa adicionar milho, inoculantes e proteínas, o que elevava o custo. Ou seja, o molho acabava saindo mais caro que o peixe”, diz Westphal.
“O sorgo torna a silagem mais econômica, pois não uso plantadeira, posso cortar a rebrota do primeiro corte e praticamente não uso aditivos para manter a alimentação até passar a crise do inverno”, complementa.
Distante 230 quilômetros de Cidade Gaúcha, no município de Porecatu, no Norte do Estado, a pecuarista Ana Beatriz da Costa Ribeiro utiliza o milho para produzir silagem pensando na alimentação do rebanho de 300 cabeças ao longo do inverno.
A atividade de corte ocupa 100 hectares da propriedade, sendo que 20% são para produção do cereal, tanto na safra de verão como na safrinha. A escolha do milho está no valor nutricional do alimento, principalmente para os bezerros. Ana trabalha com o “ciclo cruzado”, como a mesma define.
“O pessoal da região que faz recria e engorda procura bezerro no inverno, mas não encontra. Nós achamos um nicho de mercado. Estamos apostando no bezerro de cruzamento industrial” ressalta.
“Apesar de ser mais caro, o retorno nutricional do milho é maior, fundamental para o ciclo do bezerro. Além disso, não permite que as vacas percam porção corporal”, reforça Ana, que já usou sorgo e cana-de-açúcar em anos anteriores.
Ao longo do inverno, quando os animais passam para o sistema de confinamento, a pecuarista aproveita para corrigir o solo. Nesta temporada, ela irá fazer adubação verde.
Para o professor da Uel, a forragem ideal depende da decisão de cada produtor, que precisa analisar as aspectos financeiros, nutricionais e climáticos. “As estratégias dependem de onde o produtor está inserido, das condições de solo e do uso de artifícios tecnológicos. O que precisa mesmo é o pecuarista se antecipar, pois os animais precisam de suprimento, principalmente nesta época do ano”, conclui. (Fonte: Sistema Faep)

Conheças as características de cada forragem que pode ser utilizada para silagem

Milho
O cereal é o mais utilizado para
silagem no mundo. Destinado
para as pecuárias de corte e
leite e ovinos. Porém, o custo é
mais alto que dos demais.

Sorgo
A forragem aparece como um
substituto do milho, principalmente
em regiões onde a quantidade
de água não é adequada
para o milho. Indicado para gados
de corte e leite.

Cana-de-açúcar
O alimento apresenta um valor
nutricional um pouco mais
baixo que o milho, mas compensa
por maior produção por
hectare. É destinado para gado
de corte. Como é mais fibroso,
entra em menor quantidade na
alimentação dos animais em
confinamento.

Mandioca
Produzido em abundância na região
Noroeste do Estado, o subproduto
do alimento (rama) tem
sido utilizado para silagem, principalmente para bovinos leiteiros.
A forragem é rica em nutrientes.
Porém, a desvantagem está na
obrigatoriedade do trabalho manual
de separa a rama da raiz,
que segue para a indústria.