Rodovida: mortes nas estradas entre o fim do ano e o carnaval chegaram a 973

BRASÍLIA – Durante o período de festas de fim de ano, das férias escolares e do carnaval, 973 pessoas morreram nas rodovias federais do país. 
O número faz parte do balanço da Operação Rodovida 2016/2017, divulgado ontem pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). 
Os acidentes graves causaram uma média de 16 mortes por dia, com redução de 16% em relação à operação de 2015/2016, quando 1.259 pessoas morreram, uma média de 19 por dia.
Apesar da redução, o superintendente da PRF no Ceará e coordenador nacional da Operação Rodovida, Stênio Pires, disse que ainda é registrado alto índice de acidente graves e mortes nas estradas federais. A principal causa, segundo ele, é a colisão frontal. 
“Isso em consequência das ultrapassagens malsucedidas, por serem realizadas em local proibido ou por má avaliação do condutor”, afirmou. Ele lembrou que, em Goiás, foi registrado no período um acidente com nove mortes.
Soma-se a esses fatores, segundo Pires, o excesso de velocidade. “Registramos o absurdo de um cidadão transitando a mais de 200 quilômetros por hora. Um cidadão desse, ao encontrar qualquer situação atípica, não vai conseguir parar o veículo e, muito provavelmente, vai se envolver em um acidente com morte. Ele está transformando o veículo em uma verdadeira arma e as nossas rodovias em verdadeiros autódromos”, disse.
O objetivo da Operação Rodovida é o enfrentamento à violência no trânsito e a prevenção e diminuição do número de acidentes durante o período de movimento intenso nas estradas. A ação é coordenada pela PRF, integrada com órgão federais e ministérios, em articulação com estados e municípios.
REDUÇÃO DE MORTES – Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da PRF mostra que o custo social de acidentes, apenas nas rodovias federais, chegou a R$ 12,8 bilhões em 2014. 
O custo médio por um acidente com vítima é de R$ 90 mil, enquanto com morte chega a R$ 647 mil. Mesmo sem vítima, o custo é de R$ 23 mil. Segundo a PRF, a análise dos custos sociais mostra a importância das ações para a redução dos índice de letalidade no trânsito.
“O trânsito é um organismo vivo e para que funcione bem vários aspectos têm que estar trabalhando bem, como a engenharia, a condução, a segurança dos veículos, a fiscalização. Todos esses aspectos estão sendo trabalhados, modificamos a legislação, os veículos brasileiros já são mais seguros do que há 10 anos e a engenharia de trânsito tem contribuído”, disse o coordenador da Rodovida. 
Para ele, um dos aspectos que ainda precisa de atenção é a municipalização do trânsito. “Dos 5.570 municípios, pouco menos de 1,5 mil têm seu órgão de fiscalização de trânsito. E isso tem contribuído para que não consigamos reduzir as mortes da forma que desejamos”.
O objetivo da PRF é alcançar a meta da Organização das Nações Unidas, que proclamou o período de 2011 a 2020 como a Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito, para a redução de 50% do número de mortes. (Reportagem: Andreia Verdélio, da Abr)