Dom Geremias: Campanha da Fraternidade é voltada para a causa das pessoas
O bispo diocesano de Paranavaí, Dom Geremias Steinmetz, convocou a sociedade para refletir o tema “Biomas brasileiros e defesa da vida”. A Campanha da Fraternidade de 2017 com este tema foi lançada oficialmente anteontem pela CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil).
Seguindo a tradição, o assunto será discutido pelas paróquias e comunidades durante o período da Quaresma, iniciado anteontem (Quarta-feira de Cinzas), informou o bispo em coletiva à imprensa ontem de manhã.
Neste ano a Campanha da Fraternidade procura despertar a população para pensar e ter mais cuidado com a preservação. Além disso, o tema nos remete ao pensamento de respeitar a vida e a cultura dos povos que habitam os seis biomas brasileiros.
Bioma é um conjunto de espécies de plantas e animais que vivem em determinada região. Cada bioma tem fauna e flora específicas que são definidas pelas condições físicas, climáticas, geográficas e litológicas (das rochas). Ou seja, cada bioma tem uma diversidade biológica singular, própria.
O TEMA – O bispo diocesano de Paranavaí, Dom Geremias, afirmou que o lema desta campanha será o de “cultivar e guardar a criação” (Genesis 2,15).
“A Campanha quer ajudar a construir uma cultura de fraternidade, apontando os princípios de justiça, denunciando ameaças e violações da dignidade e dos direitos. Desta maneira abrimos caminhos da solidariedade”, afirmou o religioso.
Dom Geremias explicou que a campanha não é apenas uma defesa ecológica ou da vida animal. Ele disse que acima de tudo, a campanha é voltada para a causa das pessoas. O bispo afirmou que o desrespeito aos biomas é uma das causas que multiplica os contrastes sociais e que promove o desenvolvimento com desigualdade.
O líder religioso lembrou que anteriormente em outras seis campanhas foram tratados assuntos coligados ao tema deste ano. “Isso mostra a importância sobre o assunto e revela que temos que buscar inspiração nas palavras de Deus”.
E segue: “A carta encíclica do Santo Padre Francisco nos mostra que o modelo atual poderá nos levar ao caos. Portanto, temos que proteger a humanidade”.
OBJETIVOS – Dom Geremias frisou que entre os objetivos específicos para a Campanha da Fraternidade deste ano, as pessoas devem aprofundar o conhecimento em cada bioma, suas belezas, seus significados e importância para a vida do povo brasileiro.
O religioso comentou que o tema da Campanha da Fraternidade de 2017 também procura reforçar o compromisso das pessoas com a biodiversidade, solos, águas, paisagens e clima de todo o território brasileiro.
Dom Geremias comentou que as ações que serão desenvolvidas durante a Quaresma buscarão a articulação com outras igrejas. Também estarão presentes nos diálogos os integrantes da sociedade civil, centros de pesquisas e pessoas engajadas na preservação das riquezas naturais e no bem-estar do povo brasileiro.
Com a discussão do tema busca-se a construção de um novo modelo econômico ecológico. Ele deverá atender as necessidades das pessoas e respeitar a natureza. Desta maneira, as gerações futuras terão acesso a um planeta com o meio ambiente equilibrado.
O bispo diocesano de Paranavaí afirmou que para atingir os objetivos da campanha, deverá ser exigido do poder público a recuperação das áreas degradadas do bioma. Também deverá haver o cumprimento de políticas de saneamento básico nas áreas urbanas e rurais.
Dom Geremias citou que a população também deverá fazer a sua parte e cuidar das nascentes e dos rios. As pessoas também terão que apoiar as ações em defesa do bioma frente ao avanço das mineradoras que degradam e retiram as riquezas, reitera.
Por fim, o religioso afirmou que deve haver um apoio à produção agroecológica camponesa com base na agricultura familiar e no consumo de produtos sustentáveis e de economia solidária.
CONVIDADOS NA COLETIVA
Na entrevista coletiva concedida na manhã de ontem na Cúria Diocesana, participaram o engenheiro agrônomo João Marques e o geógrafo e professor universitário, Doraci Ramos de Oliveira.
Marques lembrou que no Brasil existem seis biomas, sendo eles a Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. O engenheiro agrônomo foi categórico ao defender a preservação do meio ambiente porque no Brasil o solo é fraco.
Já o professor universitário afirmou que no Paraná vivemos no bioma da mata atlântica. Oliveira disse que ultimamente o desmatamento tem diminuído, porém, o Estado sofre com a evolução imobiliária em áreas que deveriam ser preservadas.