Com apoio de familiares, PMs do ES ignoram acordo e mantêm motim

VITÓRIA – Apesar do anúncio conjunto entre o governo do Espírito Santo e associações de policiais militares, feito na sexta (10), sobre fim do movimento que mantém há uma semana PMs e bombeiros fora das ruas, mulheres de PMs continuavam acampadas no sábado em frente a batalhões.
O governo estadual não havia atendido ao pedido de reajuste salarial, mas prometeu apresentar uma proposta até o fim de abril deste ano. De acordo com o anúncio, o motim não deveria continuar após as 7h deste sábado – prazo para que os PMs que voltassem às atividades ficassem sem punição.
O motim de policiais no Estado resultou em um forte clima de insegurança, com homicídios em alta e saques. O governo não divulgou o número de mortos desde o início da crise, mas afirma que o que vem sendo divulgado não está longe da realidade.
O Sindicato dos Policiais Civis fala em 137 mortes desde o início da paralisação.
Neste sábado de manhã, policiais militares à paisana e mulheres em torno do Quartel do Comando-Geral da PM, do Batalhão de Missões Especiais e do 1º Batalhão afirmavam que nenhuma viatura saiu durante a madrugada. O motim permanece.
Houve uma tentativa de fazer as mulheres liberarem a saída, mas elas se agarraram ao portão, fazendo orações e cantando o hino nacional.
“Isso é problema do governador com as entidades”, disse Carmen Pesse, uma das manifestantes. “Vamos ficar aqui até o governador negociar com a gente.”
Às 7h55, uma soldado fez uma nova tentativa: “A gente precisa sair. Tenta entender. Vocês sabem o risco que estamos correndo aqui”. Ela disse que aqueles policiais precisavam estar nos postos de trabalho às 8h. Diante de nova negativa, os policiais voltaram para dentro do quartel e retiraram os carros da área do portão.
Os policiais que não retomaram as atividades estão sujeitos a indiciamento por crime militar, que leva a expulsão e prevê pena de 8 a 20 anos de prisão.
Também poderão ser alvos de processos administrativos internos, que igualmente podem levar à expulsão e são mais céleres que os processos criminais. Um total de 703 policiais já foram indiciados por revolta até sexta (10). (Reportagem: Carolina Linhares, enviada especial, e Leonardo Heitor, da Folhapress)