Inflação é a menor para os meses de janeiro em quase quatro décadas
BRASÍLIA (Abr) – A inflação oficial do país fechou janeiro de 2017 com a menor alta para os meses de janeiro de toda a série histórica iniciada em 1979 – ou seja, em quase quatro décadas.
A constatação é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou ontem, no Rio de Janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA): 0,38%.
No entanto, em janeiro deste ano a taxa subiu 0,8 ponto percentual em relação a dezembro de 2016, ao passar de 0,3% para 0,38%. É, porém, 0,89 ponto percentual inferior ao apurado em janeiro do ano passado: 1,27%.
Com o resultado de janeiro deste ano, a inflação acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses é de 5,35%, ficando 0,94 ponto percentual abaixo dos 6,29% apurados nos 12 meses encerrados em dezembro de 2016.
Os dados do IBGE indicam, ainda, que a alta de janeiro deste ano foi puxada pelas tarifas de ônibus, que, pressionadas pela alta dos combustíveis (1,28%), subiram 2,84%, liderando o ranking dos principais impactos individuais, com 0,07 ponto percentual para a taxa global do mês. Item importante nas despesas do consumidor, os ônibus urbanos têm expressiva participação de 2,61% na formação do IPCA.
Com a alta das tarifas dos coletivos, o grupo transportes apresentou a mais elevada variação na composição de grupo (0,14%). Segundo o IBGE, a alta de 1,28% dos combustíveis teve forte influência na elevação dos preços do litro do etanol que subiu 3,1% – pressionando o grupo – enquanto o litro da gasolina aumentou 0,84%.
Mesmo assim, o grupo Transportes – apesar da variação mais elevada – apresentou forte desaceleração na taxa de crescimento de preços de dezembro para janeiro, ao passar de 1,11% para 0,77%. Isto se deve, principalmente, às passagens aéreas, que foram de 26,29% em dezembro para uma deflação (inflação negativa) de 7,36% em janeiro.
INFLAÇÃO EM BAIXA – Na avaliação da coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, o recuo da demanda em razão das altas taxas de desemprego e da dificuldade de crédito é fundamental para que as taxas de inflação se mantenham em níveis relativamente baixos, se comparados ao ano de 2015.
Para ela, a conjuntura não mudou e o perfil do comportamento dos preços neste início de ano se manteve semelhante aos de 2016, em particular, a partir da segunda metade do ano.
“O perfil dos últimos meses do ano passado e deste início do ano, com desemprego em alta, dificuldade de crédito e elevadas taxas de juros, tem feito os preços recuarem e, em alguns casos, levando até mesmo à redução da margem de lucro em razão do comportamento do dólar”, disse.
Para Eulina, “o recuo da demanda tem sido fundamental para que a gente esteja tendo hoje taxas de inflação bem mais baixas do que há alguns anos. A conjuntura não mudou: há um esboço de recuperação em alguns setores da indústria, mas não há resposta em termos de venda e o contexto ainda é de pouca grana”, afirmou.