Dezenas de focos de larvas do Aedes são encontrados em mutirão no Jardim Renascer
O seu Gaudêncio Mariano da Silva mora no Jardim Renascer há dois anos e meio. Por sorte, ainda não pegou dengue, mas sofre com a sujeira, o mau cheiro e os animais peçonhentos como aranhas, ratos, baratas, cobras e escorpiões que saem da casa vizinha. Ele conta que uma senhora junta todo o tipo de objetos que encontra na rua e acumula dentro da casa.
“A situação piorou depois que uns moleques da rua arrombaram a casa e jogaram tudo que tinha lá dentro para o quintal, para escolher o que iam roubar, quebraram os vidros, levaram panelas, coisas de alumínio, e deixaram todo o resto jogado aí. Com as chuvas, o resultado é esse: um monte de potes, latas, recipientes com água parada e os focos de dengue”, lamenta.
A casa citada por seu Gaudêncio foi a primeira a ser visitada pelo prefeito Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado Caíque) no primeiro mutirão de combate à dengue do ano, realizado neste sábado (14). No local, muito lixo acumulado dentro e fora da casa abandonada, vários recipientes com água parada e dezenas de focos de larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, Chikungunya e Zika.
Segundo o assessor da Vigilância em Saúde, Randal Fadel Filho, o local é um dos pontos críticos detectados no bairro, cuja situação já está inclusive no aguardo de uma decisão judicial. “São três imóveis que os casos já foram até encaminhados para a Promotoria Pública. Na próxima semana teremos uma reunião com a promotora para definir como será feita a limpeza dessas casas, já que os moradores não nos permitem o acesso ou não encontramos um proprietário para permitir nossa entrada. Existe a Portaria 722, que dá poder de polícia aos agentes de endemias para entrar no imóvel e fazer a limpeza, já que são casos onde a saúde pública está sendo colocada em risco”, explica.
Em outra casa, a moradora, dona Ana Brito, tinha separado todo o material reciclável, como garrafas pet, caixinhas de leite recipientes plásticos para enviar para a Coopervaí. Ela também tinha móveis para descarte, que foram imediatamente recolhidos pela equipe do mutirão.
Mais de 100 pessoas participaram do mutirão contra a dengue que percorreu cerca de 40 quadras localizadas na divisa dos jardins Simone, Renascer e Conjunto Hélio Lopes, na região da Vila Operária. Com luvas e sacos pretos, os voluntários recolheram lixo de terrenos baldios, calçadas, entraram nas casas, conversaram com os moradores e lotaram os caminhões e veículos de coleta com o material coletado. Aproximadamente 900 imóveis foram fiscalizados.
Para a secretária de Saúde do município, Andreia Vilar, “ações como esta são muito importantes porque fazem a comunidade entender qual a importância de cada cidadão trabalhar junto conosco, lutar conosco esta luta. Não são só os órgãos públicos que precisam agir, mas é crucial a participação de todos nesta batalha contra a dengue”.
O mutirão também fez parte das ações da Corrente do Bem, uma campanha de incentivo ao voluntariado. A iniciativa visa envolver toda a comunidade para a prática de ações que visam o bem de Paranavaí. “Hoje a dengue é a nossa maior preocupação. Em 2013 tivemos aquela epidemia, e um episódio como aquele é muito traumático para o município, até do ponto de vista financeiro. A única maneira de vencer esta batalha é com a união de forças, com a participação de voluntários imbuídos no mesmo propósito de transformar Paranavaí numa cidade melhor. Agradecemos a cada um que se dispôs a participar nesta ação, num sábado de manhã, e está fazendo parte dessa Corrente do Bem em nossa cidade. Isto é só o começo do muito que ainda temos para fazer”, completou Caíque.