Alap distingue Nêodo Noronha Dias com título de “Amigo da Cultura”
Durante jantar em que fez a entrega dos prêmios a que fizeram jus os vencedores do I Concurso Alap Paranavaí Literária, sábado passado (29), no Salão de Festas do Lions Clube, a Academia de Letras e Artes de Paranavaí distinguiu o poeta e cronista Nêodo Noronha Dias com o título de Amigo da Cultura, pelos relevantes serviços prestados ao setor em Paranavaí.
No ato de entrega do título, o acadêmico Renato Benvindo Frata falou sobre o homenageado, que nasceu em Curitiba em 11/10/1934, filho do militar Abilio José Dias e professora Beatriz Noronha Dias, tendo como irmãos Nézio, que reside atualmente em Florianópolis-SC e Abílio, residente m Paranavaí. “Embora ambos advogados, costumam dizer que o intelectual da família é o Nêodo”, dizem eles.
Frata destacou que se o Brasil não fosse o País dos paradoxos, Nêodo teria centenas de livros publicados e viveria de suas rendas. Porém, embora publique diariamente suas tiradas satíricas no Diário do Noroeste, conseguiu publicar com auxílio da Fundação Cultural em 1988 o livro de poemas “Lira das Quatro Luas”, prefaciado por Joaquim de Paula Pinto, que fala com maestria da sua apetência na vasta produção literária.
Nêodo passou a infância e juventude na ilha do Desterro em Florianópolis e o cenário maravilhoso da ilha, as brejeirices da época fluíram em suas veias marcando sua obra. De verve privilegiada, logo cedo mostraria a que viera, no exercício de seu espírito poético, do seu senso crítico e dos trocadilhos que o fizeram notável.
Frata disse que nosso homenageado deixou Santa Catarina para se radicar no Norte do Paraná, onde fervilhava a gana pelo dinheiro, mas que as artes não vicejavam, tendo chegado a Rolândia para visitar o tio Sílvio Noronha, saudoso juiz de Direito e a visita durou alguns anos.
Longe das belezas de Florianópolis, adotou o Paraná e versejou o belo, o amor, em lindos poemas, principalmente, e na maioria dedicados à doce Maria Izabel, a esposa com quem fez a vida, tornando-se pai de cinco filhos: Nayde, a primogênita, Nêodo Júnior, sociólogo no Rio de Janeiro, Norvan, corretor de seguros e exímio mestre cuca, Nilo Noronha, advogado, ambos em Maringá, e da caçula e pedagoga Beatriz Michele, que encanta crianças na capital paulista.
Trabalhou alguns anos como coletor estadual, tempo em que a obrigação diária em cuidar de números não o fazia feliz. Então fazendo o sentido inverso das coisas, deixou o trabalho na Receita e ingressou no trabalho de rádio, quando o lógico e prático seria deixar do rádio e se enfiar no trabalho público coletando impostos. Por quê?
Porque descobriu que o rádio era o “habitat” do seu espírito, era o local que lhe dava mais criatividade, na verdade era o trabalho cuja inspiração já vinha pronta. E foi o rádio que lhe deu certa notoriedade ao ter algumas de suas poesias gravadas pelo declamador Collid Filho em seus discos Salão Grená, nos idos de 1960, na Rádio Tupi do Rio, apresentadas repetidas vezes até quando Collid esteve entre nós.
Além do rádio, Nêodo investiu no jornalismo e até hoje milita nesta área com sua coluna diária no famoso “Buraco da Fechadura” com o pseudônimo “Odoen Said”.
E nesse trabalho vão mais de 40 anos… com um manancial inesgotável de criação, publicando no Diário do Noroeste crônicas e humorismo, alternando a crítica ferina com a candura de sua poesia. Irreverente, com grande presença de espírito, satírico, mordaz, alheio à matéria, vai cumprindo sua missão, despejando versos e frases, como uma fonte de sabedoria.
Por sua vida, Nêodo, cuja parte maior foi dedicada à cultura de Paranavaí e em reconhecimento do seu trabalho de bem fazer, independente do clima, da calma, da tristeza que possa de vez em quando lhe abocanhar o espírito, a Alap houve por bem lhe conceder o título “Amigo da Cultura”.
Emocionado, o homenageado não discursou.