Candidatos avaliam desenvolvimento da campanha após mudanças na lei eleitoral
Por isso, o Diário do Noroeste propôs aos cinco candidatos a prefeito de Paranavaí que respondessem algumas perguntas e avaliassem o impacto dessas alterações.
As perguntas foram encaminhadas a todos os concorrentes por e-mail: eles tiveram acesso às mesmas questões e às mesmas orientações. A seguir, as respostas serão reproduzidas integralmente, destacando que não houve delimitação de quantidade máxima de caracteres.
O critério para definir a disposição das entrevistas foi a ordem alfabética dos nomes dos candidatos.
Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado Caíque – PSDB)
DN: De que forma a limitação nos gastos durante o período eleitoral influenciou no desenvolvimento da campanha? Ficou mais fácil ou mais difícil?
A limitação de gastos imposta pela Legislação Eleitoral foi muito positiva! Acabou com as doações das empresas e com o chamado “caixa dois”, dando oportunidade à participação dos candidatos com menores condições financeiras, e propiciando maior isonomia e igualdade nas condições operacionais da campanha. Portanto, vejo uma influência positiva porque prevalece o candidato com as melhores propostas, projetos e soluções viáveis às necessidades de nossa comunidade.
DN: As mudanças no formato de doação tiveram algum tipo de impacto sobre a forma de pensar e operacionalizar a campanha?
Sim! Foi importantíssima a participação do partido, fazendo feijoada para arrecadação de verbas (sob supervisão da própria Justiça Eleitoral), com a contribuição espontânea de centenas de pessoas que participaram do evento, e não de um pequeno grupo de financiadores. Penso que esse formato deu maior transparência ao identificar os doadores, afastando a corrupção eleitoral, vindo de encontro aos anseios da população que clama por mudanças, respeito ao dinheiro público e ética. Esta é a exigência da nova política, no momento em que o Brasil vem sendo passado a limpo, com Mensalão, Lava Jato e Lei da Ficha Limpa. O eleitor está atento a esta nova fase!
DN: O volume de doações está menor do que o esperado? Se sim, como contornar a dificuldade? Se não, significa que a alteração na lei foi benéfica?
Estamos conduzindo nossa campanha com muito planejamento, com respeito a toda Legislação Eleitoral. Nossas despesas estão sendo feitas dentro de uma previsão orçamentária. As doações estão dentro do nosso planejamento podendo ser fiscalizadas pela própria população no site do Tribunal Superior Eleitoral.
O que vale nesta campanha não é o investimento que se fazia em outras, mas os chamados “três esses”: saliva, suor e sola de sapato! Estamos fazendo inúmeras visitas, levando nossas propostas e projetos, temos uma coligação forte com bom quadro de candidatos a vereadores, entendendo que este será o grande diferencial e marco desta campanha. Repito! Tanto o Ministério Público, OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], entidades organizadas e a própria população estão atentos aos candidatos que abusarem do poder econômico. Isso nos dá o conforto de fazermos nossa campanha propositiva. Portanto, em resposta a sua pergunta entendo como benéfico a mudança da legislação.
DN: Considerando os investimentos na produção dos programas e na confecção de materiais impressos; considerando a contratação de profissionais para a elaboração da campanha; e considerando o trabalho de cabos eleitorais: como fechar as contas ao final da campanha?
Excelente pergunta! As contas serão fechadas com planejamento. Os recursos serão destinados em proporção! Tivemos como maior desafio a contratação de uma produtora, aqui de nossa cidade, prestigiando os talentos locais, o que reduziu em muito nossos custos, para que atendesse nosso orçamento em cumprimento à legislação!
DN: Quais são as influências da redução nos gastos na receptividade dos eleitores?
Positivas! O eleitor vem se informando principalmente nas mídias sociais, no programa de rádio e de televisão. O corpo a corpo, olho no olho, também tem papel fundamental na decisão do eleitor. Quando digo positivas, falo porque o eleitor está cansado da sujeira que se fazia nas outras eleições, da poluição visual, do assédio incansável das centenas de cabos eleitorais que eram contratados, sem se preocupar com algum compromisso com o futuro da coletividade.
Pelo fato de ter desenvolvido um reconhecido trabalho junto à área de segurança pública e um trabalho voluntário junto às escolas, no combate às drogas e à violência, esta percepção das pessoas, acabou trazendo maior proximidade do eleitor neste período eleitoral. Os eleitores estão mais conscientes e fiscalizadores. Acompanham os passos dos candidatos: se são ficha limpa, quais partidos estão apoiando, quais são as suas propostas e até mesmo quem são as pessoas que os apoiam. Portanto, houve uma mudança comportamental e o eleitor está muito atento, o que é extremamente positivo!
A era da comunicação faz parte da vida do eleitor. Hoje todas as camadas sociais têm acesso à informação. O próprio eleitor tem conhecimento de que se “vender” o voto, está vendendo o sonho de nossos filhos. A mesma corrupção de quem compra o voto, será exercida no cargo quando o político for eleito. Pelo fato de ser delegado e ser implacável contra a corrupção, os próprios eleitores bem intencionados nos ajudam nisso. Aliás, é muito importante o movimento que a OAB faz neste sentido, e cabe à população, aos partidos e quem souber imediatamente denunciar.
DN: Qual o papel das redes sociais no processo de apresentação de planos de governo e na conquista de votos?
Acreditamos ser uma ferramenta importantíssima nesta eleição. Através das redes sociais o candidato pode colocar suas propostas, tendo contato rápido e constante com o eleitor. Na nossa campanha, nossa página já tem próximo a 20 mil seguidores, o que nos possibilita manter constante interatividade com o eleitor, podendo receber ali mesmo, online, suas sugestões, suas observações e até mesmo críticas. Para isso é importante ter boas propostas e um bom número de seguidores, um bom site, página oficial, Facebook e Instagram. As pesquisas mostram que 78% dos eleitores se informam da política pelas redes sociais. Portanto, o papel das redes sociais é decisivo!
Israel de Moraes (Rael Moraes – PSOL)
DN: De que forma a limitação nos gastos durante o período eleitoral influenciou no desenvolvimento da campanha? Ficou mais fácil ou mais difícil?
Certamente para grandes campanhas influenciou muito, eles são acostumados com doações de empresas, tiveram que se adaptar às novas regras. Porém para nós do PSOL que já somos habituados a realizar campanhas eleitorais com poucos recursos financeiros não mudou muita coisa. Entendemos que a financeirização das relações políticas exclui a maior parte das pessoas do processo eleitoral e também da gestão em âmbitos municipal, estadual e federal.
DN: As mudanças no formato de doação tiveram algum tipo de impacto sobre a forma de pensar e operacionalizar a campanha?
No entendimento do STF [Supremo Tribunal Federal], Pessoa Jurídica não exerce cidadania. Para nós a forma mais justa é o financiamento público de campanha.
Apesar de avançar, limitando os gastos, o modelo atual ainda é ineficiente e antidemocrático. Afinal quem tem 159 mil reais para investir numa campanha? Certamente não são as pessoas comuns.
DN: O volume de doações está menor do que o esperado? Se sim, como contornar a dificuldade? Se não, significa que a alteração na lei foi benéfica?
Nunca contamos com grandes volumes de doação. Temos dito que esta é a eleição da garganta e da sola de sapato, o candidato tem que se mostrar indo de casa em casa, apresentar propostas e aproveitar as oportunidades que tem com eleitores. Todo dia é dia de fazer política antes, durante e depois da eleição.
DN: Considerando os investimentos na produção dos programas e na confecção de materiais impressos; considerando a contratação de profissionais para a elaboração da campanha; e considerando o trabalho de cabos eleitorais: como fechar as contas ao final da campanha?
É muito marketing para pouco candidato, logo depois da eleição caem-se as máscaras. As pessoas se cansaram de ver isso. Felizmente nossa campanha utiliza pouquíssimos recursos financeiros, o que nos dá independência para criar, agir e propor mudanças que realmente irão melhorar nossa cidade. Para nós “Campanha Rica. Quatro Anos de Pobreza”. Dá sim para realizar uma campanha séria e de baixo custo.
DN: Quais são as influências da redução nos gastos na receptividade dos eleitores?
Na rua tenho percebido um paradoxo. As pessoas a cada dia gostam menos de política, porém o assunto é cada vez mais debatido para o bem ou para o mal. Vejo que as pessoas estão cada vez mais ligadas nas questões políticas, o problema mesmo é a crise de lideranças que enfrentamos.
Sim, a pessoas cobram favores, mas isso decorre da falta de propostas consistentes dos candidatos, o eleitor estando esclarecido das propostas, sabendo o que seu representante irá fazer se eleito sem dúvida vota consciente.
DN: Qual o papel das redes sociais no processo de apresentação de planos de governo e na conquista de votos?
É a ferramenta da vez. Saber usar as redes sociais é fundamental na campanha, pois atingem o público que mais clama por participação e que perece com falta de políticas públicas que é a juventude. Propagar ideias e interagir com o eleitor sem mediação de terceiros sem dúvida conquista votos e nisso as redes sociais ajudam muito. Vale lembrar que aqueles que se propõem a representar o povo geralmente estão bem distantes da realidade do povo, as redes sociais estão aí para mudar isso, a cada dia surgem novas lideranças… Basta dar espaço.
Ivan Ramos Bernardo (Professor Ivan – PSTU)
DN: De que forma a limitação nos gastos durante o período eleitoral influenciou no desenvolvimento da campanha? Ficou mais fácil ou mais difícil?
Não influenciou, porque os gastos que o PSTU tem com a campanha sempre ficaram abaixo dos valores do teto estabelecido pela lei eleitoral.
DN: As mudanças no formato de doação tiveram algum tipo de impacto sobre a forma de pensar e operacionalizar a campanha?
Não. As pessoas que doam ao partido sempre foram pessoas físicas da classe trabalhadora.
DN: O volume de doações está menor do que o esperado? Se sim, como contornar a dificuldade? Se não, significa que a alteração na lei foi benéfica?
Por enquanto não recebemos nenhuma doação. Mas temos a expectativa de receber doações dos trabalhadores.
DN: Considerando os investimentos na produção dos programas e na confecção de materiais impressos; considerando a contratação de profissionais para a elaboração da campanha; e considerando o trabalho de cabos eleitorais: como fechar as contas ao final da campanha?
Estamos terminando a produção para as rádios e TV e o nosso panfleto. O PSTU não contrata cabos eleitorais e profissionais para a campanha, tirando trabalhadores técnicos. A nossa campanha é feita por militantes, amigos e simpatizantes de forma voluntária.
DN: Quais são as influências da redução nos gastos na receptividade dos eleitores?
A receptividade dos eleitores não sofreu influência significativa. O processo de politização no município dependerá também das conjunturas nacional e estadual. O momento de desconfiança da população com os políticos não se deve ao limite de gastos na campanha, mas aos gastos exagerados com secretarias, cargos comissionados e altos salários dos políticos. A prática de cobrar favores, para nós, caracteriza a compra de votos, prática que não existe no âmbito de nossa campanha.
DN: Qual o papel das redes sociais no processo de apresentação de planos de governo e na conquista de votos?
As redes sociais ocupam um lugar muito importante, mas nosso partido prioriza o contato com o povo trabalhador nas escolas, nas empresas e nos bairros, para saber o que espera de um candidato na luta permanente e também nas eleições.
Maurício Yamakawa (PP)
DN: De que forma a limitação nos gastos durante o período eleitoral influenciou no desenvolvimento da campanha? Ficou mais fácil ou mais difícil?
O principal efeito do limite de gastos é que a cidade tem menos poluição visual. Sem tanta poluição com cavaletes, placas, muros pintados como antigamente, a mensagem é levada através do horário eleitoral gratuito de rádio e televisão e reuniões que fazemos diariamente com famílias e grupos de eleitores.
Os grandes comícios, que também geravam grandes despesas, são ações de campanha que não se vê mais e tudo foi adaptado sem grandes prejuízos. Pelo contrário, acho positiva a mudança, pois quanto mais razoáveis forem os custos, mais democrático será o pleito. Vai valer a análise do eleitor sobre quem tem mais experiência, mais contato com as ruas e com o dia a dia do trabalhador.
DN: As mudanças no formato de doação tiveram algum tipo de impacto sobre a forma de pensar e operacionalizar a campanha?
Sim, tiveram grande impacto. Importante lembrar que empresas não podem mais doar. Também é positivo, porque você sabe quem doa e quem recebe, sempre pessoas físicas. O atual prefeito, por exemplo, doou para dois candidatos e consta nas respectivas prestações de contas.
Com um cenário tão diferente, é natural rever a forma de pensar e operacionalizar, levando em conta orçamentos mais modestos que em outros tempos. Se bem que no nosso caso nunca houve grandes volumes em doações. Sempre fiz questão de me pautar pela simplicidade, contato direto com a comunidade.
DN: O volume de doações está menor do que o esperado? Se sim, como contornar a dificuldade? Se não, significa que a alteração na lei foi benéfica?
Sim, houve menos doação e, por consequência, haverá menos gasto total. Importante lembrar que, além de só poder receber doações de pessoas físicas, o limite é de 10% do seu rendimento bruto.
Nossa campanha, como destacou o deputado federal Luciano Ducci na convenção do dia 24 de julho, está baseada em três “ésses”: suor, saliva e sola (de sapato).
DN: Considerando os investimentos na produção dos programas e na confecção de materiais impressos; considerando a contratação de profissionais para a elaboração da campanha; e considerando o trabalho de cabos eleitorais: como fechar as contas ao final da campanha?
O novo formato exige mais criatividade e simplicidade por parte das candidaturas. Também requer mais participação de toda a chapa, incluindo vereadores e os candidatos da majoritária. Uma contabilidade integrada, fazendo com que cada candidato tenha o seu orçamento, busque os recursos próprios ou através de doadores. Enfim, um equilíbrio, de tal forma que não vejo dificuldade para fechar as contas.
DN: Quais são as influências da redução nos gastos na receptividade dos eleitores?
O limite tornou a mensagem mais direta. Por isso, é preciso ter sensibilidade no contato com os eleitores. No processo de amadurecimento, também o eleitor ganha conhecimento. Nós diariamente explicamos os limites e a importância de votar livremente. Eu, que levo o diálogo e a compreensão como propostas de vida, tenho um grande prazer em explicar que a legislação é um instrumento importante para eliminar a corrupção. A consolidação da nossa democracia passa por essa conscientização, começando pelo eleitor, que poderá dar o seu voto livremente e cobrar ação efetiva dos seus eleitos.
DN: Qual o papel das redes sociais no processo de apresentação de planos de governo e na conquista de votos?
As redes sociais têm sido importantes. São mais pessoas se comunicando o tempo todo, recebendo o plano de governo, sugerindo mudanças e acrescentando propostas. As redes são um componente relativamente novo, mas que ganha força rapidamente. Nossa campanha está atenta para isso. Inclusive, a democratização da internet é um dos desafios da futura gestão.
Valdir Tetilla (Doutor Tetilla – PMDB)
DN: De que forma a limitação nos gastos durante o período eleitoral influenciou no desenvolvimento da campanha? Ficou mais fácil ou mais difícil?
A campanha hoje exige muito mais dos candidatos. Nós precisamos apresentar as propostas de casa em casa, gastar sola de sapato, mesmo, para falar com os eleitores cara a cara.
DN: As mudanças no formato de doação tiveram algum tipo de impacto sobre a forma de pensar e operacionalizar a campanha?
Sim. Precisamos pensar em formas de gastar menos, contratar menos gente e estar mais disponíveis para conversar com cada eleitor pessoalmente. Como a cidade cresceu bastante, não dá pra ir até a casa de cada um, mas fazemos questão de visitar todos os bairros e expor nossas ideias.
DN: O volume de doações está menor do que o esperado? Se sim, como contornar a dificuldade? Se não, significa que a alteração na lei foi benéfica?
Está menor do que antes, mas já esperávamos por isso. Sem a possibilidade de doações de empresas, arrecadamos menos e contornamos essa dificuldade com criatividade. Estamos promovendo reuniões para falar para mais pessoas e com equipe de profissionais mais enxuta na TV e no rádio.
DN: Considerando os investimentos na produção dos programas e na confecção de materiais impressos; considerando a contratação de profissionais para a elaboração da campanha; e considerando o trabalho de cabos eleitorais: como fechar as contas ao final da campanha?
Com muita economia e criatividade. Contratamos menos gente, quase não temos cabos eleitorais e estamos contando com muitos voluntários que trabalham com a gente. Estamos aproveitando também as redes sociais e a internet que são de graça para divulgar nossas propostas.
DN: Quais são as influências da redução nos gastos na receptividade dos eleitores?
O eleitor está muito próximo da nossa candidatura. Sem terceirizar o trabalho, estamos andando de bairro em bairro e as pessoas querem conversar com a gente, estão muito interessadas e felizes de nos ver por perto. Todos estão entendendo nossas limitações e gostam de nos ver mais próximos. O pedido de favores é uma prática da política antiga. Quando explicamos ao eleitor que isso não é permitido, todos compreendem e nos apoiam.
DN: Qual o papel das redes sociais no processo de apresentação de planos de governo e na conquista de votos?
Hoje essa é mais uma boa estratégia para nos aproximar dos eleitores. Falamos com eles de forma mais efetiva e ficamos muito próximos aos nossos amigos. Também nos ajuda a perceber os anseios de cada amigo que está com a gente. É uma forma muito rápida, barata e eficiente para nos comunicarmos, especialmente com os jovens.