Como atividade coletiva, suinocultura é uma atividade viável para a região de Paranavaí

Se for uma atividade coletiva com a participação de vários produtores, para dividir custos de frete e fazer compras de insumos em maior quantidade, a suinocultura é uma atividade viável para a região de Paranavaí. Para apenas um produtor iniciar a atividade ela se torna inviável, porque demorará muitos anos para cobrir os investimentos de implantação.
A opinião é de Clóvis Amaral Júnior, administrador da Granja Dom Alfredo, localizada no Distrito de Santa Maria, em Alto Paraná, que aloja 12 mil suínos por ano.
A granja recebe o leitão com idade entre 65 e 95 dias, pesando entre 22 e 23 quilos e deixa o animal pronto para o abate em 90 dias, quando atinge entre 105 e 115 quilos.
Em média, cada animal consome, neste período, 200 quilos de ração. Para cada dois quilos, rende um quilo de carne. Um porco de 100 quilos vale hoje R 370,00 em média. A atividade trabalha com uma margem de lucro em torno de 17%
Amaral Júnior diz que tanto a compra dos leitões como a venda dos porcos são feitas na própria região e, como outras atividades, sofrem a interferência de fatores externos, já que boa parte da comercialização é feita em bolsas de mercadorias agropecuárias. “A Rússia suspendeu a importação da carne suína brasileira. Isso já teve um reflexo direto nos preços”, exemplifica ele.
O suinocultor deu as explicações a representantes do G-8, que esta semana visitaram a granja. Embora hoje tenha a participação de mais entidades, o G-8 foi criado em janeiro deste ano e reúne as oito principais entidades que promovem o desenvolvimento econômico da cidade para discutir alternativas de fortalecimento de Paranavaí e região.
Em março, o grupo começou a discutir a possibilidade de estimular a suinocultura como uma nova atividade econômica, promovendo ainda mais a diversificação agropecuária na região.
Na avaliação de Amaral Júnior, para se tornar viável economicamente é preciso que os novos suinocultores tenham, por exemplo, uma estratégia para a aquisição do milho a ser triturado, misturado a insumos e virar ração.
No caso da Granja Dom Alfredo, eles têm silo com capacidade para estocar todo o milho que vão precisar no ano, 24 mil sacas, ou seja, a produção de 85 alqueires aproximadamente. “Buscar o milho no balcão inviabiliza a suinocultura”, diz ele.
Da mesma forma, tem que ter estratégias na aquisição de leitões – um caminhão pode trazer para mais de um produtor -, insumos e medicamentos, comprando em grande quantidade para baixar o preço.
AGREGAR VALOR – Embora também seja rentável, a criação de leitões para engorda (cruzamento industrial de várias raças para produção de carne) é mais complicada, mas igualmente rentável. Para a região de Paranavaí ela se tornaria viável depois da implantação de várias granjas.
Uma matriz chega a produzir 17 leitões a cada cria. Dá em média 2,5 crias ao ano e suporta, dentro desta produtividade, três anos na atividade. Depois, quando perde a capacidade de cria, ela é descartada, mas continua a dar lucro. Isto porque, abatida, é a carne ideal para produzir embutidos, agregando valor à atividade.
Outro aproveitamento de subprodutos é que atualmente os dejetos de porcos são os preferidos para transformação em biogás, para a geração de energia. Em Paranavaí já tem produtor interessado em implantar granja, mais com o fim de produzir os dejetos do que lucrar com a carne. Basta que a atividade se pague. O lucro virá do biodigestor, cuja energia será utilizada para sustentar outra atividade.
A suinocultura exige pouca mão de obra. Numa granja do porte da Dom Alfredo são necessários de três a quatro funcionários. E o índice de mortalidade também é muito baixo: cerca de 2% (na avicultura a média é de 5%). A granja ocupa apenas 1,5 hectare e o faturamento bruto pode chegar a R$ 4,4 milhões/ano.
Em uma próxima reunião, o G-8 vai discutir fórmulas de incentivar a atividade. A primeira ideia, agora com as informações, é fazer um estudo oficial de viabilidade econômica da suinocultura para a região.
Participaram da visita à granja Rafael Cargnin Filho, (presidente em exercício da ACIAP), Antônio da Cruz da Silva (vice-presidente da ACIAP para assuntos de Desenvolvimento Econômico), Ivo Pierin Júnior (presidente do Sindicato Rural de Paranavaí), Devanir Antônio Zanatta (presidente do Sindicato dos Contabilistas de Paranavaí), Mário Hélio Lourenço de Almeida Filho (presidente da Sociedade Rural do Noroeste do Paraná e que organizou a visita) e assessores da Associação Comercial.